São Paulo, sábado, 02 de julho de 2005

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19ª SPFW

SIMPLICIDADE DAS FORMAS CONTAGIA A MODA

ERIKA PALOMINO
COLUNISTA DA FOLHA

A preocupação com o varejo evidenciou-se no fim-de-semana da São Paulo Fashion Week. O dia começou no Pacaembu, quando o estilista Reinaldo Lourenço levou os fashionistas até a Faap para mostrar seu verão 2006.
E se o endereço prometia, a utilização do espaço acabou não se justificando. A sala de desfiles montada no interior do prédio era escura, com paredes pretas, deixando o público com vontade de um ambiente mais leve.
Reinaldo Lourenço quis seguir uma inspiração new wave (já meio atrasada), que foi se perdendo nas roupas. Ela apareceu no laranja dos cílios postiços da maquiagem das meninas, que entraram na luz negra, cenário branco. A idéia parecia justamente a de contar uma história de rock, mas em branco. E foi o melhor do desfile, os looks estreitinhos, jaquetas construídas e calças mais curtas, com atracadores e fitas. Legal.
Aqui, as proporções estavam bem depuradas, demonstrando o controle do estilista e seu olhar afiado. Reinaldo Lourenço foi então em direção a um romantismo mais suave, trabalhando a textura do algodão na capa fofa em branco e lilás de Jéssica Pauletto, seguido de rosa e azul tipo nuvem.
Contraste com as peças 80 japonistas, em preto, meio chatos, com penduricalhos demais. Clássicos de Reinaldo Lourenço: as camisas brancas, sempre hit, como na linda e simples Eliana Weirich.
Não rolou muito a série de looks com as golas, mas os vestidos em cascatas de babadinhos, suaves e delicados. O mais bonito era o de Carol Trentine. Não foi a melhor coleção de Reinaldo Lourenço, entretanto, e bem que poderia ter sido, já que a moda do momento trata de muitos dos elementos caros ao estilista.
A Cori, com direção de Alexandre Herchcovitch, continuou sua viagem. Neste inverno, a rica compradora da marca viaja pelo folk do Leste Europeu. No verão, ela vai para o Marrocos, de onde pega emprestada a calça bufante tradicional do deserto, em versão urbana de chiffon.
A coleção é quente, colorida, e reflete mais o estilo Cori do que o Herchcovitch, e esta proporção já apareceu diferente. De todo jeito, percebe-se o corte preciso do estilista, como nas joviais saarianas em bermudinhas (Camila Finn) e no vestidinho de babados do lado, cinto largo marcando a cintura.
No início da noite, Thaís Losso brincou com a cultura italiana, pretexto para um masculino voltado na camisa de time trabalhada. Como a idéia não chega a ser exatamente nova, ficou melhor quando remixada com peças de alfaiataria.
O desfile deixou saudade de uma Zapping mais forte e mais à vontade. A marca parecia meio engessada no formato que ela mesma instalou. E quer saber? Até mesmo meio constrangida. Uma só mochila de pizza não faz verão. Talvez falte um elo maior do que o tema à coleção. Mais uma vez: quando compramos uma roupa, não é porque a gente queira uma "roupa italiana", mas porque nos apaixonamos pela peça. E faltou aqui a paixão da "Dolce Vita", na bela imagem projetada no telão do cenário.
E quem trouxe frescor foi a Iódice. Num cenário de madeira, com bucólicos balanços de corda, a grife desfilou um verão que atende exatamente às vontades das mulheres de hoje: romantismo adulto, sofisticação (nos lindos dourados foscos), discrição, leveza, materiais naturais.
A coleção abre com uma boa seqüência de dourados, em vestidos simples, mas com personalidade. Passeia por looks calmos e práticos, como na linda saariana de Jéssica Pauletto, passando pelos azuis escuros dos vestidos fluidos (só não precisava do claro, com as franjas), terminando com a deliciosa imagem de Jeísa ao balanço.


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