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TETINE, 98 EM 98
Pop e experimentalismo dividem espaço
da Reportagem Local
Tetine é um grupo -uma dupla- em processo de resolução.
Seu disco de estréia, "Alexander's
Grave", amontoava ambiências
eletrônicas sobre poemas declamados de Shakespeare, Strindberg
e Tennessee Williams. Não saía
muito do mesmo lugar.
Agora, em "Creme", talvez auxiliada pela unidade requerida por
uma montagem de dança, a dupla
começa a encontrar um discurso
próprio, uma razão de ser.
Seu lugar é o do estudo de linguagem e de temas contemporâneos. E eles não têm piedade. Por
influência provável da origem teatral de Eliete Mejorado, não há
meios-termos em "Creme".
Quando se fala de sexo, é pauleira:
"On Your Finger", "Water" e
"Living As Quickly As You Can"
(leia abaixo) são bons exemplos.
Outro empecilho que dizia presente no disco de estréia não se
dissolve em "Creme": as letras
por vezes são declamadas demais,
não parecem música não fosse pelos climas soturnos por baixo.
Mas há um salto apreciável: metade, mais ou menos, de "Creme" é bastante pop. "Speed of
Light", em especial, tem refrão
pegajoso de rock que poderia tocar no rádio. Quase assim são
"Lessons for Jumping", "Cindy,
Lindy, Betty and Brenda" e "Living As Quickly As You Can".
Mas, pois é, o preconceito do
mercado nacional contra brasileiros que fogem do português é implacável. Bobagem, mas quem há
de convencer as gravadoras?
Fora dessa dificuldade, resta outra brecha: "A História da Garça"
é tecno do bom, com letra inteligente -bem, como Tetine é do
contra mesmo, é em português,
coisa que as pistas de cá não perdoam. Eles preferem assim...
(PAS)
Disco: Creme
Grupo: Tetine
Lançamento: independente (tel.
011/3862-0237)
Quanto: R$ 18
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