São Paulo, quinta, 2 de julho de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TETINE, 98 EM 98
Pop e experimentalismo dividem espaço

da Reportagem Local

Tetine é um grupo -uma dupla- em processo de resolução. Seu disco de estréia, "Alexander's Grave", amontoava ambiências eletrônicas sobre poemas declamados de Shakespeare, Strindberg e Tennessee Williams. Não saía muito do mesmo lugar.
Agora, em "Creme", talvez auxiliada pela unidade requerida por uma montagem de dança, a dupla começa a encontrar um discurso próprio, uma razão de ser.
Seu lugar é o do estudo de linguagem e de temas contemporâneos. E eles não têm piedade. Por influência provável da origem teatral de Eliete Mejorado, não há meios-termos em "Creme". Quando se fala de sexo, é pauleira: "On Your Finger", "Water" e "Living As Quickly As You Can" (leia abaixo) são bons exemplos.
Outro empecilho que dizia presente no disco de estréia não se dissolve em "Creme": as letras por vezes são declamadas demais, não parecem música não fosse pelos climas soturnos por baixo.
Mas há um salto apreciável: metade, mais ou menos, de "Creme" é bastante pop. "Speed of Light", em especial, tem refrão pegajoso de rock que poderia tocar no rádio. Quase assim são "Lessons for Jumping", "Cindy, Lindy, Betty and Brenda" e "Living As Quickly As You Can".
Mas, pois é, o preconceito do mercado nacional contra brasileiros que fogem do português é implacável. Bobagem, mas quem há de convencer as gravadoras?
Fora dessa dificuldade, resta outra brecha: "A História da Garça" é tecno do bom, com letra inteligente -bem, como Tetine é do contra mesmo, é em português, coisa que as pistas de cá não perdoam. Eles preferem assim... (PAS)
Disco: Creme Grupo: Tetine Lançamento: independente (tel. 011/3862-0237) Quanto: R$ 18


Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.