São Paulo, terça-feira, 02 de agosto de 2005

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TELEVISÃO

Crise faz Cuoco abandonar "carreira política"

LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

A novela do "mensalão" fez Francisco Cuoco, 71, desistir da "carreira política". Após ser cabo eleitoral do filho em duas campanhas, ele lhe avisou: "Estou fora".
Intérprete de Zé Higino em "América", o ator, que sempre se ligou à política cultural, se diz decepcionado com a administração federal. "O governo Lula acabou."
Vai agora se concentrar no trabalho. "Prefiro ficar no sonho, que é minha atividade." Além da TV, volta ao teatro após 20 anos. Estará em "Três Homens Baixos" no Cie Music Hall, em SP, da próxima quinta a domingo. Leia trechos da entrevista à TELEVISÃO

 

Folha - A peça fala da complexidade da cabeça dos homens. O sr. acha que eles são mais complicados do que as mulheres?
Francisco Cuoco -
São muito parecidos, mas elas são mais adultas. Homens, quando se reúnem em mesa de bar, viram crianças.

Folha - Como o galã de tantas novelas encara ser avô do galã [é avô de Murilo Benício em "América"]?
Cuoco -
Nessa atividade, temos o privilégio de fazer papéis diferentes de acordo com a idade. Não posso mais estar no meio da garotada de "Malhação", mas posso ser professor. Senti essa diferença com o "remake" de "Pecado Capital". Na primeira versão [1975] fui o Carlão, e na segunda [98], o Salviano. Achei natural, não olhava com saudade para trás.

Folha - Não foi difícil nem após o problema com Carolina Ferraz [foi publicado que ela, mocinha do "remake", teria dito que não queria beijá-lo por ele ser "velho"]?
Cuoco -
Acho que ela atravessava uma fase difícil e teve problemas de relacionamento. Eu me adequei a isso e disse que preferia não trabalhar mais com ela, a não ser que ela mudasse. Foi uma experiência ruim na minha vida. Foi amargo ter de passar por isso.

Folha - Que diferenças vê entre os galãs de hoje e os do seu tempo?
Cuoco -
Nenhuma. Eu era empenhado e vejo hoje o Murilo [Benício] empenhado, o [Edson] Celulari, reconheço o interesse por acertos do Thiago Lacerda, do Reynaldo Gianecchini.

Folha - Seu filho foi candidato a deputado estadual [2002] e a vereador [2004] e contou com o seu apoio. Após a novela do "mensalão", o sr. voltará aos palanques?
Cuoco -
Disse a ele que não queria mais lidar com isso. Está evidente que houve muita corrupção e fico escandalizado. Sei que posso confiar no meu filho, mas avisei a ele: "Estou fora". Não esperava que depois do Collor isso fosse acontecer mais. É decepcionante. Prefiro ficar no sonho, que é minha atividade. A atuação do Lula foi muito modesta na área cultural. E o governo Lula acabou.


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