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Regina Silveira recria céu em mostra
Metáforas celestes e preocupações cosmológicas permeiam as três obras feitas pela artista para a exposição "Ficções", no ES
Fã de telescópios e revistas de astronomia, Silveira, que expõe em Vila Velha, afirma ter seu imaginário habitado por imagens do espaço
GABRIELA LONGMAN
ENVIADA ESPECIAL A VILA VELHA (ES)
Regina Silveira chegou aos
céus, ou pelo menos recriou-os
em "Ficções", mostra inaugurada na quinta-feira passada no
Museu Vale do Rio Doce, em
Vila Velha (ES). Ao longo de um
ano de diálogo com o curador,
Adolfo Montejo Navas, ela concebeu, modificou e construiu as
três obras da exposição.
"Entrecéu" é responsável pelo impacto inicial. Ao entrar no
espaço, o visitante é recebido
por um corredor de 35 m de
comprimento revestido de um
céu azulado com nuvens -foto
impressa sobre vinil adesivo.
Teto e parede foram também
revestidos, gerando uma espécie de túnel celeste.
"Não tem horizonte neste
trabalho. Você tem que entrar
na cápsula. Eu queria justamente criar um lugar impossível, queria deixar as pessoas desorientadas", diz a artista.
Onde o túnel termina, começa uma segunda obra, "Mil e
Um Dias": esculpida sobre a parede branca, uma falsa porta
branca recebe uma projeção
que alterna imagens do dia e da
noite. Num ciclo que dura cerca
de quatro minutos, dia e noite
parecem vazar de dentro da
porta para depois serem novamente tragados por ela.
"A porta tinha que engolir a
noite, engolir o dia, engolir o
tempo", enfatiza Silveira.
A projeção acompanha uma
trilha sonora que intercala sons
de vento e vozes de crianças
(dia) e de sapos e grilos (noite).
"É um trabalho que repete o
movimento da respiração ou
mesmo de um coração, com
sua sístole e diástole", afirma
o curador.
O terceiro trabalho, "Mirante", é uma recriação do "Observatório" montado na Pinacoteca do Estado no final do ano
passado. Criada para ser uma
experiência individual -só
permite um expectador por
vez-, a obra permite entrever
um planeta em rotação dentro
de uma câmara escura.
As preocupações cosmológicas e metáforas celestes permeiam os três trabalhos e conferem unidade à mostra. Fã de
telescópios e revistas de astronomia, Regina Silveira diz ter
seu imaginário habitado por
imagens do espaço. "Não se esqueça de que sou uma pessoa
dos anos 60", diverte-se. "Sinto
uma espécie de nostalgia daquilo que nunca vou poder ver."
A jornalista GABRIELA LONGMAN viajou a convite do Museu Vale do Rio Doce
FICÇÕES REGINA SILVEIRA
Quando: de ter. a dom., das 12h às
20h; até 27/9
Onde: Museu Vale do Rio Doce (Antiga
Estação Pedroso Nolasco s/nš, Vila
Velha, ES, tel. 0/xx/27/3333-2484)
Quanto: entrada franca
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