São Paulo, quinta-feira, 02 de agosto de 2007

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Regina Silveira recria céu em mostra

Metáforas celestes e preocupações cosmológicas permeiam as três obras feitas pela artista para a exposição "Ficções", no ES

Fã de telescópios e revistas de astronomia, Silveira, que expõe em Vila Velha, afirma ter seu imaginário habitado por imagens do espaço

GABRIELA LONGMAN
ENVIADA ESPECIAL A VILA VELHA (ES)

Regina Silveira chegou aos céus, ou pelo menos recriou-os em "Ficções", mostra inaugurada na quinta-feira passada no Museu Vale do Rio Doce, em Vila Velha (ES). Ao longo de um ano de diálogo com o curador, Adolfo Montejo Navas, ela concebeu, modificou e construiu as três obras da exposição.
"Entrecéu" é responsável pelo impacto inicial. Ao entrar no espaço, o visitante é recebido por um corredor de 35 m de comprimento revestido de um céu azulado com nuvens -foto impressa sobre vinil adesivo.
Teto e parede foram também revestidos, gerando uma espécie de túnel celeste.
"Não tem horizonte neste trabalho. Você tem que entrar na cápsula. Eu queria justamente criar um lugar impossível, queria deixar as pessoas desorientadas", diz a artista.
Onde o túnel termina, começa uma segunda obra, "Mil e Um Dias": esculpida sobre a parede branca, uma falsa porta branca recebe uma projeção que alterna imagens do dia e da noite. Num ciclo que dura cerca de quatro minutos, dia e noite parecem vazar de dentro da porta para depois serem novamente tragados por ela.
"A porta tinha que engolir a noite, engolir o dia, engolir o tempo", enfatiza Silveira.
A projeção acompanha uma trilha sonora que intercala sons de vento e vozes de crianças (dia) e de sapos e grilos (noite).
"É um trabalho que repete o movimento da respiração ou mesmo de um coração, com sua sístole e diástole", afirma o curador.
O terceiro trabalho, "Mirante", é uma recriação do "Observatório" montado na Pinacoteca do Estado no final do ano passado. Criada para ser uma experiência individual -só permite um expectador por vez-, a obra permite entrever um planeta em rotação dentro de uma câmara escura.
As preocupações cosmológicas e metáforas celestes permeiam os três trabalhos e conferem unidade à mostra. Fã de telescópios e revistas de astronomia, Regina Silveira diz ter seu imaginário habitado por imagens do espaço. "Não se esqueça de que sou uma pessoa dos anos 60", diverte-se. "Sinto uma espécie de nostalgia daquilo que nunca vou poder ver."


A jornalista GABRIELA LONGMAN viajou a convite do Museu Vale do Rio Doce

FICÇÕES REGINA SILVEIRA
Quando:
de ter. a dom., das 12h às 20h; até 27/9
Onde: Museu Vale do Rio Doce (Antiga Estação Pedroso Nolasco s/nš, Vila Velha, ES, tel. 0/xx/27/3333-2484)
Quanto: entrada franca


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