São Paulo, segunda-feira, 02 de agosto de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Rebecca Horn questiona limites do corpo em mostra no CCBB

Retrospectiva da artista alemã chega a SP após passar pelo Rio

SILAS MARTÍ
DE SÃO PAULO

Uma mulher se deita na cama com o amante e enrosca as pernas nas dele. No meio do Atlântico, pássaros esgotados da longa travessia despencam mortos no mar.
Não são coisas isoladas, pelo menos na obra de Rebecca Horn, artista alemã que abre hoje mostra no Centro Cultural Banco do Brasil.
Sua visão estende o corpo para além de suas dimensões. São próteses maquínicas que extrapolam toda a dor e o prazer que não cabem na superfície da pele.
Também por não caber toda no espaço, a mostra que estava no Rio chega em versão reduzida a São Paulo, mas sem grande prejuízo. No átrio, um piano de cauda está pendurado como um lustre.
Não ilumina, mas cospe fora e depois recolhe as próprias teclas num espasmo sonoro. É esperar para ver.
Horn cria um jogo de pausas e contratempos. Nada é imediato, como o afeto entre os homens. Hastes metálicas com facas que soletram "amor" se digladiam no ar com o "ódio". Penas se arrepiam num pavão mecânico.
Engrenagens jogam tinta sobre um quadro branco. Vozes saem de funis de cobre que parecem brotar de uma montanha de entulho. A presença humana se esconde atrás da parafernália metálica, de polias e roldanas.
Enquanto uma máquina de escrever soletra a palavra "amor", braços de ferro sustentam ostras abertas em oferenda. É o corpo ausente de Horn, na cama e no mar.


REBECCA HORN

QUANDO abertura hoje, às 19h; de ter. a dom., das 10h às 20h
ONDE CCBB (r. Álvares Penteado, 112, tel. 0/xx/11/3113-3651)
QUANTO grátis



Texto Anterior: Série infantil "Vivi Viravento" vai levar Amazônia ao Canadá
Próximo Texto: Resumo das novelas
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.