São Paulo, Segunda-feira, 02 de Agosto de 1999
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TEATRO DE BONECOS
"Coquetel Clown" e "Histórias da Carrocinha" foram as peças mais elogiadas em Olinda
Encontro mostra produção irregular

MÔNICA RODRIGUES DA COSTA
enviada especial a Olinda

Terminou na sexta-feira o Primeiro Encontro Internacional de Teatro de Bonecos de Recife e Olinda, que contou com um festival de teatro de mestres populares do mamulengo e companhias de diversos Estados brasileiros desde o dia 22. O espetáculo "Trinoceria", da companhia espanhola La Fanfarra, encerrou o evento.
Durante esse período, Olinda foi também palco de duas reuniões, do comitê executivo da Unima (União Internacional de Marionete) e do grupo executivo que prepara a "Enciclopédia Internacional de Teatro de Bonecos" (leia ao lado).
Segundo o organizador do encontro e diretor do Centro Cultural Mamulengo Só-Riso, Fernando Augusto Gonçalves, 50, os benefícios do encontro ainda não podem ser mensurados. "Passamos por um momento difícil do teatro de bonecos, e o encontro deu prestígio a essa arte."
De qualquer modo, o evento funcionou como testemunho do quanto a produção de teatro de bonecos brasileira é irregular.
"Coquetel Clown", do XPTO (São Paulo), abriu a mostra de teatro de animação com um padrão de qualidade elogiado por toda essa especial audiência.
A montagem favorita da maioria dos especialistas da Unima, convidados a virem a Olinda, além de "Coquetel Clown", foi "Histórias da Carrocinha", da gaúcha A Caixa do Elefante, dirigida por Mário de Ballentti. Para a diretora de teatro de bonecos fin- landesa e presidente da Unima, Sirppa Sivori-Asp, "a manipulação é perfeita, assim como o ritmo e a organização do enredo".
A opinião de Sirppa sobre os outros grupos não é a mesma. Sobre "A Cobra Morde o Rabo" (A Roda, BA), ela acha que "a dramaturgia é falha e falta direção".
A inglesa Penny Francis, da Unima, observou que a maioria das produções brasileiras de teatro de bonecos está no padrão do teatro amador europeu, "talvez por falta de acesso a atuações de alto nível".
O Sobrevento (SP) apresentou dois espetáculos de seu repertório, "Mozart Moments" e "Beckett", que foi o mais elogiado do grupo.
Margareta Niculescu, fundadora e diretora da maior escola de marionetes do mundo, do Instituto Internacionale de Marionettes, destacou a precisão de "Beckett". "É possível reconhecer na montagem o espírito e o ritmo do teatro do autor, especialmente no primeiro ato. A arte de manipulação é excelente."

Ausências notadas
O grupo Giramundo (MG), que apresentaria, no dia 27, "Cobra Norato", não compareceu. Segundo o organizador Fernando Augusto Gonçalves, as passagens do grupo e o transporte do material cênico iriam ser pagos pelas secretarias da Cultura de Minas, e que, portanto, "a falha foi da Prefeitura de Belo Horizonte e do Estado de Minas Gerais, pois a organização do encontro não havia se responsabilizado por isso".
Segundo Marcos Malafaia, integrante da produção do Giramundo, o grupo não desistiu em tempo hábil de ir ao festival porque ficou "procurando meios para chegar. Não conseguimos passagens e verba para custear o transporte do material. Foi uma pena".
Mestres tradicionais do mamulengo também deixaram de comparecer a Recife e Olinda: mestre Saúba e sua Boneca Dançarina, mestre João Nazário, que está doente e cujo parceiro, Antônio Biló, morreu em março, sem o fato ter sido notificado em tempo hábil ao festival.


Mônica Rodrigues da Costa viajou a Olinda a convite da Fundação Nacional das Artes.

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