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"PAUL MCCARTNEY IN RED SQUARE"
Shows na Rússia traçam histórico da "beatlemania" por trás do comunismo
MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma máxima conhecida diz que
a história é escrita pelos vencedores. Depois de assistir a "Paul
McCartney in Red Square", o
DVD que traz o show do beatle na
célebre praça Vermelha de Moscou, o espectador fica com a impressão de que ela também é escrita pelos marqueteiros.
Ninguém questiona o destacado papel dos Beatles -e, por extensão, de McCartney- na música, na cultura em geral e na sociedade, notadamente na Ocidental,
como um todo. Daí a colocá-los
como protagonistas da queda do
comunismo vai uma longa distância. Do documentário que
acompanha o show, com declarações como a do sociólogo russo
Artemy Troitsky, que diz que
"Paul, John, George e Ringo fizeram mais pela queda do comunismo do que qualquer outra instituição ocidental", o espectador tira a certeza de que a Guerra Fria
foi vencida pelos "fab four".
Como mostra o programa do
History Channel "Russia e os Beatles: Uma Breve Jornada", que faz
parte do DVD, o quarteto de Liverpool foi considerado subversivo e banido da União Soviética na
década de 1960. Obviamente, isso
não impediu que uma versão moderada da "beatlemania" se desenvolvesse por trás da cortina de
ferro: onde há censura, há também um lucrativo mercado negro
esperando para ser desenvolvido.
O que o documentário não
mostra é que os Beatles não foram
os únicos censurados na URSS,
assim como os países comunistas
não foram os únicos a instituírem
a censura. Se o show de McCartney na praça Vermelha tem um
caráter histórico por ser a primeira vez que ele pisou na ex-URSS,
pode-se dizer que a mesma sensação "histórica" foi sentida em
qualquer país onde Macca pôs os
pés pela primeira vez após ter virado uma lenda mundial.
Por fim, a sensação de "caiu o
comunismo, finalmente vamos
ver um beatle" não se sustenta
cronologicamente: o show é de
2003, mais de uma década depois
da derrocada soviética, ou seja,
não foi exatamente censura o que
manteve McCartney afastado da
Rússia nos últimos anos.
À parte a lição histórica questionável, o DVD traz o que é indiscutível: as pérolas do repertório de
McCartney, passando por Beatles,
Wings e por sua carreira solo. O
show em Moscou é mostrado como um filme, com as canções entremeadas por cenas de Paul visitando lugares e personagens históricos -como o presidente Putin e Gorbatchov-, além de depoimentos de fãs.
Sobre o repertório, basta listá-lo: "Can't Buy me Love", "I Saw
Her Standing There", "We Can
Work It Out", "Band on the Run",
"Live and Let Die", "Yesterday",
"Let it Be", "Back in the USSR"...
De quebra, há ainda outra apresentação de McCartney na Rússia,
esta em São Petersburgo e gravada como um show mesmo, com
as músicas em seqüência direta.
Nela figuram "Drive My Car",
"Penny Lane", "Helter Skelter" e
outros exemplos da indiscutível
genialidade musical do homem.
Paul McCartney in Red Square
Gravadora: Warner
Quanto: R$ 55, em média
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