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História de amor dos pais de Gabo vai ao cinema
Romance "O Amor nos Tempos do Cólera" é baseado nas dificuldades dos pais de García Márquez para se casarem
Falado em inglês, filme é dirigido pelo britânico Mike Newell e tem espanhol Javier Bardem e brasileira Fernanda Montenegro no elenco
ENVIADA ESPECIAL A CARTAGENA
O romance proibido entre o
telegrafista forasteiro Gabriel
Eligio Martínez e a moça de família Luisa Santiaga inspirou
Gabriel García Márquez a escrever "O Amor nos Tempos do
Cólera". Agora, a história de
amor de seus pais vai também
ganhar adaptação para as telas.
Com estréia prevista nos
EUA para novembro -e sem
distribuição definida ainda no
Brasil-, o filme, falado em inglês, é dirigido pelo britânico
Mike Newell e conta, no elenco,
com o espanhol Javier Bardem,
os colombianos John Leguizamo e Catalina Sandino Moreno
e a brasileira Fernanda Montenegro.
Um dos 13 irmãos de Gabo,
Jaime García Márquez, que
cuida da Fundación para un
Nuevo Periodismo Iberoamericano, fundada pelo autor em
Cartagena, deu consultoria aos
produtores do filme.
Ele conta que o romance dramático dos pais foi sempre um
tema polêmico na família. Gabriel Eligio havia chegado a
Aracataca nos anos 20 para trabalhar no telégrafo local. Conheceu Luisa e se apaixonou,
mas os pais dela foram contra o
relacionamento e mandaram a
moça viajar. Insistente, o telegrafista a acompanhou clandestinamente, de cidade em cidade, sempre pedindo transferência de emprego.
Por fim, conseguiram que
um padre interviesse e obtivesse a aceitação dos pais para o
casamento. "Mas eles não foram à festa, minha mãe ficou
sentida com isso para sempre",
conta Jaime à Folha.
Anos depois, o filho Gabo resolveu dar vida literária ao drama paterno e concebeu o enredo de "O Amor nos Tempos do
Cólera", tendo como protagonsitas o telegrafista Florentino
Ariza e a moça Fermina Daza.
"Todos os personagens do
meu irmão existem na família,
ou roubam características de
outros, mas ele nos deixa sempre em dúvida com relação a alguns detalhes", diz.
Adivinhação
Jaime conta que, entre os parentes, é comum que se façam
jogos de adivinhação para tentar identificar a quem Gabo está se referindo em determinada
passagem ou personagem.
Ele acha que o irmão se defendeu da curiosidade familiar
quando escreveu a frase: "A vida não é aquela que uma pessoa
viveu, mas a que ele recorda, e
como a recorda, para contá-la".
"Assim ele calou a boca de todos nós, que não podemos mais
dizer que tal coisa não está certa ou que não foi desse jeito",
diz, dando risada.
García Márquez já foi adaptado para as telas várias vezes.
As versões mais famosas são as
de "O Coronel Não Tem Quem
lhe Escreva" (1999), de Arturo
Ripstein, e "Crônica de uma
Morte Anunciada" (1987), do
italiano Francesco Rosi. Gabo
também foi filmado pelo brasileiro Ruy Guerra, em "Erêndira" (1983), com Claudia Ohana
no papel principal. "Mas "Cem
Anos de Solidão" nunca foi, e
Gabo diz que só deixa se o diretor for latino-americano. Quem
sabe um brasileiro", deixa a dica Jaime.
(SYLVIA COLOMBO)
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