Também baterista do Dead Weather, músico estrela documentário "A Todo Volume"

Em entrevista, White revela que primeiro instrumento que tocou foi bateria e diz que pretende reativar a dupla White Stripes

THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

Aos 34 anos, Jack White é dos mais atuantes músicos de sua geração -a geração do "novo rock" surgida em 2000/2001 com Strokes, Kings of Leon, Black Rebel Motorcycle Club. Jack White é guitarrista do White Stripes, vocalista do Raconteurs, baterista do Dead Weather, ator bissexto, compositor de música do 007, produtor de cantoras como Loretta Lynn. Agora, parceiro de Jimmy Page e The Edge no documentário "A Todo Volume", que entra em cartaz em 6/11. O filme registra a história da guitarra por meio de três gerações: White, The Edge (do U2) e Page (do Led Zeppelin). Se sua principal banda, o White Stripes, está em recesso, White continua no noticiário com o grupo Dead Weather, cujo disco de estreia, "Horehound", chega ao Brasil. Jack White falou ontem com a Folha, por telefone.

 

FOLHA - Você fez um show histórico no teatro Amazonas, em Manaus, com o White Stripes [em julho de 2005]. No meio da apresentação, você e Meg [White, baterista da banda] saíram do teatro e tocaram na praça, no meio de uma multidão. Se lembra daquilo?
JACK WHITE - Claro! Foi um dia muito especial. Eu me casei com Karen [Elson, modelo e mãe de seus dois filhos] naquela tarde, no meio de um rio. À noite, tivemos o show. Aquele teatro é lindo, o som estava ótimo. Decidimos no meio do show que queríamos tocar para o público que não tinha conseguido entrar no teatro. Foi algo do qual nunca me esquecerei.

FOLHA - Você está em "A Todo Volume", documentário com Jimmy Page e The Edge que tem a guitarra como tema. Mas no Dead Weather você toca bateria. Como é a sua relação com a guitarra?
WHITE - O documentário, na verdade, não necessariamente trata apenas de guitarra, mas da relação dos músicos com os instrumentos. É algo curioso: não sei por que, damos muito valor à guitarra, mas não falamos de clarinete, trompete ou outros instrumentos do tipo. A guitarra tornou-se muito popular. Mas achei o documentário interessante porque não é feito apenas de imagens de arquivo, mas traz guitarristas falando sobre guitarra. Acho que o público vai gostar.

FOLHA - Por que decidiu tocar bateria no Dead Weather? Estava cansado da guitarra?
WHITE - Na verdade, o primeiro instrumento que toquei foi bateria, com cinco anos. Não toquei numa guitarra até a adolescência, quando tinha uma banda e ninguém queria tocar guitarra. Não lembro a idade que eu tinha. Aprendi a tocar guitarra e bateria sozinho.

FOLHA - Você é dos mais prolíficos músicos de sua geração, produzindo discos e músicas o tempo todo. O que acha de outros músicos e bandas que demoram anos para lançar um disco?
WHITE - Nunca entendi isso. Gosto de bandas que lançam dois discos por ano. Talvez aconteça porque hoje há a "competição" com games e outras mídias, como internet, então os músicos perdem o foco. Há muita coisa acontecendo. Mas, para mim, o objetivo deve ser gravar disco, sair em turnê, gravar outro disco e por aí vai. Com o Dead Weather já tenho muitas músicas feitas. Devemos entrar em estúdio nos próximos meses para gravar o segundo disco.

FOLHA - Você é famoso por gravar com instrumentos antigos. O que acha da tecnologia usada hoje para compor e gravar música?
WHITE - Não sei, é difícil comentar sobre esse assunto. No final das contas, você deve ver o que funciona ou não. Muitos desses softwares, tipo Pro Tools, não ajudam em nada, mas é apenas minha opinião.

FOLHA - Quais os seus guitarristas preferidos?
WHITE - Blind Willie McTell [americano morto em 1959], Dick Dale, Jeff Beck....

FOLHA - Você planeja reativar o White Stripes?
WHITE - Sim, claro. Queremos gravar coisas novas, mas não sei quando. Não gosto de planejar minha vida com muita antecedência. Estou agora focado no Dead Weather. Mas devo falar com Meg sobre isso nos próximos meses.


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