São Paulo, quinta-feira, 02 de setembro de 2010

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Bienal tem visão passadista da África, diz angolano

DO ENVIADO A LUANDA

Da janela de sua sala em Luanda, Fernando Alvim avista o sol faiscante do fim de tarde e um prédio de fachada psicodélica recém-construído pelos chineses.
Todas as cores do arco-íris piscam nas lâmpadas gigantescas do arranha-céu. Alvim, angolano por trás da Trienal de Luanda e um dos curadores convidados da próxima Bienal de São Paulo, passa as noites à luz dessa nova pirotecnia africana.
Estando lá, não parece ter a mesma percepção do continente dos curadores-gerais da mostra paulistana, Moacir dos Anjos e Agnaldo Farias.
"Parece que a visão que se tem da África nessa Bienal ainda é uma visão do passado", afirma Alvim. "Esperava uma representação mais profunda, mas haverá em vez disso um vazio, incompreensão e pouca generosidade."
Ele reclama que serão levados a São Paulo os projetos menos ousados surgidos em Luanda e que o diálogo com os demais curadores não foi além de considerações superficiais sobre o continente.
"Todos têm uma opinião sobre a África", diz. "Mas quando um africano tenta se expressar, ninguém ouve."
Moacir dos Anjos, um dos curadores gerais da Bienal, rebate a crítica. "Ele tem posições fortes, respeito esse embate político, mas a Bienal de São Paulo não é a de Luanda", afirma. "Não estamos tentando determinar nenhuma identidade africana."
Dos Anjos acrescenta que, além de Angola, a presença africana na Bienal de São Paulo tentará abarcar a diversidade do continente, com artistas da África do Sul, Nigéria e outros países. "A África tem de ser considerada nesse entendimento plural do que ela é hoje." (SM)


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