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Bienal tem visão passadista da África, diz angolano
DO ENVIADO A LUANDA
Da janela de sua sala em
Luanda, Fernando Alvim
avista o sol faiscante do fim
de tarde e um prédio de fachada psicodélica recém-construído pelos chineses.
Todas as cores do arco-íris
piscam nas lâmpadas gigantescas do arranha-céu. Alvim, angolano por trás da
Trienal de Luanda e um dos
curadores convidados da
próxima Bienal de São Paulo,
passa as noites à luz dessa
nova pirotecnia africana.
Estando lá, não parece ter
a mesma percepção do continente dos curadores-gerais
da mostra paulistana, Moacir
dos Anjos e Agnaldo Farias.
"Parece que a visão que se
tem da África nessa Bienal
ainda é uma visão do passado", afirma Alvim. "Esperava
uma representação mais profunda, mas haverá em vez
disso um vazio, incompreensão e pouca generosidade."
Ele reclama que serão levados a São Paulo os projetos
menos ousados surgidos em
Luanda e que o diálogo com
os demais curadores não foi
além de considerações superficiais sobre o continente.
"Todos têm uma opinião
sobre a África", diz. "Mas
quando um africano tenta se
expressar, ninguém ouve."
Moacir dos Anjos, um dos
curadores gerais da Bienal,
rebate a crítica. "Ele tem posições fortes, respeito esse
embate político, mas a Bienal
de São Paulo não é a de Luanda", afirma. "Não estamos
tentando determinar nenhuma identidade africana."
Dos Anjos acrescenta que,
além de Angola, a presença
africana na Bienal de São
Paulo tentará abarcar a diversidade do continente,
com artistas da África do Sul,
Nigéria e outros países. "A
África tem de ser considerada nesse entendimento plural do que ela é hoje."
(SM)
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