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67º FESTIVAL DE CINEMA DE VENEZA
Festival começa com filmes sangrentos
Veneza assiste a cinema violento de Daren Aronofsky e Robert Rodriguez nas duas primeiras sessões, ontem
Com júri presidido por Quentin Tarantino, edição do evento mostra inspiração pop e queda para a ação e o trash
ANA PAULA SOUSA
ENVIADA ESPECIAL A VENEZA
O Lido, faixa de terra que
protege Veneza das ondas do
mar Adriático, estará banhado de sangue ao fim da 67ª
edição da mostra internacional de cinema. Não de sangue real, é claro, mas daquele sangue pop, estilizado,
bem ao gosto de Quentin Tarantino, presidente do júri.
Os dois primeiros filmes
exibidos no festival, ontem,
usaram e abusaram do vermelho na paleta de cores.
"Black Swan" (cisne negro),
do americano Daren Aronofsky, usa o sangue como
metáfora para a obsessão e
para a dor reprimida de uma
bailarina (Natalie Portman).
Em "Machete", a pretexto
de falar dos mexicanos que
entram ilegalmente nos Estados Unidos, Robert Rodriguez faz, como sempre, a farra do sangue. Como se a vida
fosse um simples videogame,
ele coloca seu elenco-fetiche
(Danny Trejo, Steven Seagal)
para matar e morrer.
Se, num primeiro momento, soa como nota fora do tom
a presença de Rodriguez (de
filmes como "El Mariachi" e
"Grind House") num festival
como o de Veneza, logo se
percebe que, neste ano, o diretor da mostra, Marco Muller, estava de fato com inspiração pop -e queda para a
ação e o trash.
Para além do júri entregue
a Tarantino, um conhecido
cultor dos "filmes B", há a
homenagem, com o Leão pela carreira, ao chinês John
Woo, considerado o reinventor do gênero de ação, e uma
curiosa seleção de autores
asiáticos.
BRUCE LEE
De Hong-Kong, a ser exibido fora de competição, vem
"Fist: the Return of Chen
Zen" (a lenda do punho: a
volta de Chen Zen), de Andrew Lau. Trata-se do novo
filme de uma série inspirada
em ninguém menos que o
ator Bruce Lee.
Também pertencentes ao
chamado cinema de gênero
são os filmes do japonês Miike Takashi, cultuado diretor
do gênero de terror.
Além de "13 Assassins" (13
assassinos), que está em
competição, o festival de Veneza exibirá dois de seus filmes precedentes, "Zebraman" e "Zebraman 2: Attack
on Zebra City (ataque em Zebra City).
Ainda em competição pelo
Leão de Ouro está "Detective
Dee and the Mistery of Phanton Flame" (detetive Dee e o
mistério do fantasma), do
chinês Tsui Hark, considerado mestre pelos fãs da coreografia cinematográfica das
artes marciais.
À LA TARANTINO
Não por acaso, Quentin
Tarantino, durante a entrevista coletiva do júri do festival, na manhã de ontem,
mostrou-se feliz da vida com
a missão que tem nos próximos dez dias.
"Eu adoro estar em júris",
festejou, após cumprimentar
os jornalistas com aquele "V"
de vitória que, no caso dos
norte-americanos, é quase
um tique. "A lista de filmes é
excitante para mim."
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