São Paulo, quinta-feira, 02 de outubro de 2008

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Mercado comprou mais livros do que governo em 2007, aponta Fipe

Estudo indica um crescimento real de 0,44% no faturamento das editoras

EDUARDO SIMÕES
DA REPORTAGEM LOCAL

O mercado comprou mais livros do que o governo federal em 2007. Segundo um estudo da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), divulgado ontem em São Paulo, as compras governamentais - um volume de quase R$ 727 milhões- tiveram uma queda de 0,67% no ano passado em relação a 2006. As vendas para a população totalizaram R$ 2,286 bilhões, um aumento de 6,41% no mesmo período.
A professora de economia Leda Paulani, coordenadora da pesquisa, relativizou a variação dizendo que não se pode relacionar as compras governamentais às compras do mercado em geral porque o governo segue estratégias que podem mudar anualmente.
O governo permanece o maior comprador individual do mercado editorial brasileiro, sendo responsável por cerca de 36% do número de exemplares comercializados, contra 64% dos demais agentes.
Encomendada pela CBL (Câmara Brasileira do Livro) e pelo SNEL (Sindicato Nacional dos Editores), a pesquisa aponta ainda um crescimento real de 0,44% no faturamento das editoras em 2007, já descontada a inflação do setor no período.
Paulani também relativizou o crescimento do mercado editorial divulgado nos anos anteriores. Para a professora, tratava-se de um crescimento nominal, sem o desconto da inflação, ao passo que em 2007 houve um crescimento real.

Mais livros religiosos
Apesar de a adesão à pesquisa ter sido baixa -apenas 60 editoras das mais de 200 abordadas responderam o questionário da Fipe-, a professora diz que a representatividade da amostra é alta porque as editoras de maior faturamento participaram do estudo.
O número de títulos editados em 2007 sofreu queda de 2,3% em relação ao ano anterior, com uma diminuição dos títulos didáticos de 6,03%. Já o segmento de livros religiosos editou expressivos 27,98% mais títulos em 2007.
Nas vendas, uma curiosidade: as livrarias continuam como principal canal de comercialização, respondendo por 47,69 % das vendas em 2007. Mas a venda porta a porta aumentou 91,37%, o que apontaria para um maior consumo por classes de baixa renda em 2007.
Rosely Boschini, presidente da CBL, disse que vê com otimismo sobretudo o crescimento do número de títulos editados pelo segmento infantil, que subiu 15,18% em 2007. Já Sonia Jardim, presidente do SNEL, destacou a queda do preço médio do livro de R$ 11,61 em 2006 para R$ 11,41 em 2007.
"Ainda que pequena, a queda representa muito no bolso do consumidor e do governo e aponta que a desoneração fiscal vem mostrando resultados", afirmou Sonia.


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