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Milícias do Rio são os inimigos em "Elite da Tropa 2"
Continuação do livro que inspirou filme de José Padilha foca ações ilegais de grupos formados por policiais e ex-policiais
Autores se inspiraram em inquéritos e na CPI das Milícias para criar livro lançado na mesma semana que o filme
LUIZ FERNANDO VIANNA
DO RIO
Cenas como um helicóptero abatido no morro dos Macacos (zona norte) e um tiroteio em São Conrado (zona
sul) fixam a ideia de que o
tráfico é o inimigo nº 1 do Rio.
"Elite da Tropa 2", que
chega às livrarias na próxima
semana com a estreia do coirmão "Tropa de Elite 2" nos cinemas (têm personagens e
histórias semelhantes, mas
um não é adaptação do outro), desmonta essa imagem.
Os principais adversários
do policial civil fictício que
narra o livro e do agora coronel Nascimento no filme, são
as milícias, grupos formados
por policiais, ex-policiais e
bombeiros para controlar ilegalmente serviços como
transporte coletivo, venda de
gás e TV a cabo.
Para os autores, as milícias
são mais perigosas porque
nascem dentro do Estado,
têm informações privilegiadas e planos ambiciosos.
A vinculação entre crime e
política, que já aparecia no livro de 2006 (180 mil exemplares vendidos) e no filme
de 2007, fica mais forte agora, pois milicianos já conquistaram mandatos no Rio.
"Com o tráfico, havia uma
relação no varejo: "Quanto
você paga para subir o morro
e eu [traficante] impedir os
outros candidatos? Depois,
me presta um serviço". Já os
milicianos são protagonistas
na política", diz o autor e antropólogo Luiz Eduardo Soares, ex-secretário estadual e
nacional de Segurança.
Dois autores já participaram do primeiro livro: o major do Bope (Batalhão de
Operações Policiais Especiais) André Batista e o capitão reformado do Bope Rodrigo Pimentel. O outro é
Cláudio Ferraz, delegado da
Draco (Delegacia de Repressão ao Crime Organizado),
que já prendeu vereadores,
deputados e outras lideranças dessas organizações.
"Se um traficante se mantém há 20, 30 anos, é porque
negociou, tem parceria [com
a polícia]. Eu [um delegado
hipotético] prendo uma quadrilha numa hora que me interessa, apreendo fuzis, vendo para outra facção... Quando eu esgotar esse filão, vou
buscar o transporte alternativo, o gás, o caça-níqueis, vou
me candidatar", afirma, sobre as origens das milícias.
Os personagens do livro
têm nomes fictícios, o que
serve de proteção judicial.
Mas a obra é baseada em fatos reais. As matérias-primas
são inquéritos, a CPI das Milícias na Assembleia do Rio
-comissão presidida por
Marcelo Freixo (PSOL), que
inspirou Marcelo Freitas no
livro e Fraga no filme- e histórias colhidas pelos autores.
ELITE DA TROPA 2
AUTORES Luiz Eduardo Soares,
Cláudio Ferraz, André Batista e
Rodrigo Pimentel
EDITORA Nova Fronteira
QUANTO R$ 39,90 (304 págs.)
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