São Paulo, sábado, 02 de outubro de 2010

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Milícias do Rio são os inimigos em "Elite da Tropa 2"

Continuação do livro que inspirou filme de José Padilha foca ações ilegais de grupos formados por policiais e ex-policiais

Autores se inspiraram em inquéritos e na CPI das Milícias para criar livro lançado na mesma semana que o filme

LUIZ FERNANDO VIANNA
DO RIO

Cenas como um helicóptero abatido no morro dos Macacos (zona norte) e um tiroteio em São Conrado (zona sul) fixam a ideia de que o tráfico é o inimigo nº 1 do Rio.
"Elite da Tropa 2", que chega às livrarias na próxima semana com a estreia do coirmão "Tropa de Elite 2" nos cinemas (têm personagens e histórias semelhantes, mas um não é adaptação do outro), desmonta essa imagem.
Os principais adversários do policial civil fictício que narra o livro e do agora coronel Nascimento no filme, são as milícias, grupos formados por policiais, ex-policiais e bombeiros para controlar ilegalmente serviços como transporte coletivo, venda de gás e TV a cabo.
Para os autores, as milícias são mais perigosas porque nascem dentro do Estado, têm informações privilegiadas e planos ambiciosos. A vinculação entre crime e política, que já aparecia no livro de 2006 (180 mil exemplares vendidos) e no filme de 2007, fica mais forte agora, pois milicianos já conquistaram mandatos no Rio.
"Com o tráfico, havia uma relação no varejo: "Quanto você paga para subir o morro e eu [traficante] impedir os outros candidatos? Depois, me presta um serviço". Já os milicianos são protagonistas na política", diz o autor e antropólogo Luiz Eduardo Soares, ex-secretário estadual e nacional de Segurança.
Dois autores já participaram do primeiro livro: o major do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) André Batista e o capitão reformado do Bope Rodrigo Pimentel. O outro é Cláudio Ferraz, delegado da Draco (Delegacia de Repressão ao Crime Organizado), que já prendeu vereadores, deputados e outras lideranças dessas organizações.
"Se um traficante se mantém há 20, 30 anos, é porque negociou, tem parceria [com a polícia]. Eu [um delegado hipotético] prendo uma quadrilha numa hora que me interessa, apreendo fuzis, vendo para outra facção... Quando eu esgotar esse filão, vou buscar o transporte alternativo, o gás, o caça-níqueis, vou me candidatar", afirma, sobre as origens das milícias.
Os personagens do livro têm nomes fictícios, o que serve de proteção judicial.
Mas a obra é baseada em fatos reais. As matérias-primas são inquéritos, a CPI das Milícias na Assembleia do Rio -comissão presidida por Marcelo Freixo (PSOL), que inspirou Marcelo Freitas no livro e Fraga no filme- e histórias colhidas pelos autores.

ELITE DA TROPA 2
AUTORES Luiz Eduardo Soares, Cláudio Ferraz, André Batista e Rodrigo Pimentel
EDITORA Nova Fronteira
QUANTO R$ 39,90 (304 págs.)


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