São Paulo, sábado, 02 de outubro de 2010

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Ibama pede retirada de urubus da Bienal de SP

Licença de artista para manter as aves em viveiro foi revogada ontem

Parecer técnico feito pelo Ibama diz que aves são prejudicadas por falta de luz solar e pede que voltem a Sergipe

SILAS MARTÍ
DE SÃO PAULO

Foi revogada ontem a licença do Ibama, órgão de defesa do meio ambiente, que o artista Nuno Ramos tinha para manter três urubus vivos em sua obra na Bienal de São Paulo. Ramos, autor da instalação "Bandeira Branca", tinha uma licença de transporte e exposição dos pássaros.
Em notificação oficial ontem à Bienal, o Ibama, que enviou técnicos ao pavilhão, determinou a retirada dos animais em até cinco dias, afirmando que "as instalações estão inadequadas para a manutenção das aves".
Segundo o parecer técnico do órgão, o principal problema no viveiro na Bienal é a falta de luz solar e ventilação prejudicada dentro do edifício. Também ficou determinado que os pássaros sejam devolvidos ao local de origem, o parque dos Falcões, em Itabaiana, em Sergipe.
"Estamos vendo se há a possibilidade de tornar o ambiente mais agradável para os urubus", disse ontem o artista Nuno Ramos na Bienal.
"Queremos mantê-los aqui, apesar de muitas pessoas estarem torcendo contra isso."
Um laudo emitido na terça pelo Departamento de Parques e Áreas Verdes de SP, ao qual a Folha teve acesso, não detectou problemas com as aves, dizendo que não havia "sinais de estresse", mas solicitou a funcionários da Bienal que reduzissem o volume dos alto-falantes que ficam do lado de dentro do viveiro.
No dia 23 de setembro, a 1ª Delegacia do Meio Ambiente, em São Paulo, instaurou um inquérito para apurar o caso. O Instituto de Criminalística então fez uma perícia no local e deve emitir um laudo dentro de 30 dias.
Segundo o delegado responsável pela investigação, Roberto Carvalho Naves, o artista e outro responsável pela obra deverão ser ouvidos na semana que vem. Advogados da Bienal de São Paulo se reuniram ontem à tarde com Ramos e biólogos do Ibama, mas não informaram sobre a retirada dos animais no prazo estipulado.
Segundo a Folha apurou, o presidente da Fundação Bienal de São Paulo, Heitor Martins, que estava ontem fora do país, vai tentar intervir no caso, em defesa da permanência dos pássaros. Ele deve conversar diretamente com o presidente do Ibama, Abelardo Bayma de Azevedo.
Exibida há dois anos em Brasília, a instalação "Bandeira Branca" foi alvo de protestos na abertura ao público da Bienal, no último sábado.
Um membro do grupo Pixação SP, que está na Bienal, Djan Ivson invadiu o viveiro e pichou a frase "liberte os urubu", apagada logo depois por uma equipe de restauro.


Colaborou JULIANA VAZ


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