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Ibama pede retirada de urubus da Bienal de SP
Licença de artista para manter as aves em viveiro foi revogada ontem
Parecer técnico feito pelo Ibama diz que aves são prejudicadas por falta de luz solar e pede que voltem a Sergipe
SILAS MARTÍ
DE SÃO PAULO
Foi revogada ontem a licença do Ibama, órgão de defesa do meio ambiente, que o
artista Nuno Ramos tinha para manter três urubus vivos
em sua obra na Bienal de São
Paulo. Ramos, autor da instalação "Bandeira Branca", tinha uma licença de transporte e exposição dos pássaros.
Em notificação oficial ontem à Bienal, o Ibama, que
enviou técnicos ao pavilhão,
determinou a retirada dos
animais em até cinco dias,
afirmando que "as instalações estão inadequadas para
a manutenção das aves".
Segundo o parecer técnico
do órgão, o principal problema no viveiro na Bienal é a
falta de luz solar e ventilação
prejudicada dentro do edifício. Também ficou determinado que os pássaros sejam
devolvidos ao local de origem, o parque dos Falcões,
em Itabaiana, em Sergipe.
"Estamos vendo se há a
possibilidade de tornar o ambiente mais agradável para
os urubus", disse ontem o artista Nuno Ramos na Bienal.
"Queremos mantê-los aqui,
apesar de muitas pessoas estarem torcendo contra isso."
Um laudo emitido na terça
pelo Departamento de Parques e Áreas Verdes de SP, ao
qual a Folha teve acesso, não
detectou problemas com as
aves, dizendo que não havia
"sinais de estresse", mas solicitou a funcionários da Bienal que reduzissem o volume
dos alto-falantes que ficam
do lado de dentro do viveiro.
No dia 23 de setembro, a 1ª
Delegacia do Meio Ambiente,
em São Paulo, instaurou um
inquérito para apurar o caso.
O Instituto de Criminalística
então fez uma perícia no local e deve emitir um laudo
dentro de 30 dias.
Segundo o delegado responsável pela investigação,
Roberto Carvalho Naves, o
artista e outro responsável
pela obra deverão ser ouvidos na semana que vem.
Advogados da Bienal de
São Paulo se reuniram ontem
à tarde com Ramos e biólogos do Ibama, mas não informaram sobre a retirada dos
animais no prazo estipulado.
Segundo a Folha apurou,
o presidente da Fundação
Bienal de São Paulo, Heitor
Martins, que estava ontem
fora do país, vai tentar intervir no caso, em defesa da permanência dos pássaros. Ele
deve conversar diretamente
com o presidente do Ibama,
Abelardo Bayma de Azevedo.
Exibida há dois anos em
Brasília, a instalação "Bandeira Branca" foi alvo de protestos na abertura ao público
da Bienal, no último sábado.
Um membro do grupo Pixação SP, que está na Bienal,
Djan Ivson invadiu o viveiro
e pichou a frase "liberte os
urubu", apagada logo depois
por uma equipe de restauro.
Colaborou JULIANA VAZ
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