São Paulo, domingo, 02 de outubro de 2011

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MÔNICA BERGAMO
bergamo@folhasp.com.br

É COM VOCÊ, LOMBARDI

Marcos Michael/Folhapress
O ator em seu camarim no Projac, no Rio


Em cinco anos, Rodrigo Lombardi pulou do posto de descamisado da novela das sete para o de galã do primeiro time da Globo; no ar em "O Astro", vai estrelar também a próxima novela de Gloria Perez


"Não tenho mais aquela barriga", diz Rodrigo Lombardi, 34, batendo em seu abdômen para sugerir a existência de "excessos". A camisa azul clara com o último botão aberto deixa parte do corpo do ator à mostra. E nenhuma saliência ou gordurinha é notada. Elas também são imperceptíveis nas muitas cenas de sexo que ele protagoniza como Herculano Quintanilha em "O Astro", novela das 23h da Globo. "É tudo truque! [risos]. Hoje tô um pouco além [do peso]."

 

Elas aplaudem: 2.839 brasileiras cadastradas no site Ohhtel.com, de relacionamentos extraconjugais, votaram na semana passada em uma pesquisa para eleger o amante dos sonhos, com o qual trairiam seus maridos. Lombardi teve 37% dos votos, desbancando Antonio Banderas (21%) e Brad Pitt (12%).
 

"Ha ha ha! Eu não vi essa pesquisa! Não sei o que te falo. É interessante", diz à repórter Lígia Mesquita, na quinta-feira, em um camarim do Projac, no Rio, ao saber da votação ao posto de Ricardão do momento. "Eu não sou nada disso. Essa imagem [de sedutor e sexy] é resultado do que as pessoas veem na TV." Falando de si mesmo na terceira pessoa (como fazem celebridades como o ex-jogador Pelé), o ator diz que "não é porque o Rodrigo executa bem um papel que ele seja aquilo. Tem gente que fala: 'O Rodrigo é bonitão, o Rodrigo tem narigão'. Cada um enxerga uma coisa".
 

Com formação teatral que começou na adolescência e terminou com um longo período integrando o grupo Tapa, de SP, Lombardi afirmava que nunca faria TV. "Isso é bobagem, mas já pensei assim." O preconceito acabou com suas passagens por Band, SBT e Record. Em 2005, o paulistano estreou na Globo na novela das sete "Bang Bang". Antes disso, foi reprovado em alguns testes. "No último, fiquei tão decepcionado que falei: 'Não me chamem mais pra ir lá bater na porta'", lembra. Quando estava em cartaz em SP com a peça "Mandrágora", um produtor de elenco da emissora o chamou pra uma nova tentativa. E ele conseguiu uma vaga em "Bang Bang".
 

Em sua novela seguinte, "Pé na Jaca", de Carlos Lombardi, também das sete, ficou rotulado como um dos atores "descamisados" do horário. Seu personagem, o padeiro Tadeu, aparecia frequentemente com o torso nu. "Naquela época, eu tava com um físico bom. Mas o termo não tinha um valor negativo. Tem que ter consciência de onde você está. Saber que está naquele time e jogar aquele jogo. Não dá pra entrar pra jogar e criticar."
 

O trabalho lhe proporcionou realizar "o" sonho de consumo: ter uma casa própria. Mudou-se neste fim de semana para a residência, no Rio, que ficou em reforma por um ano e meio. É lá que morará com a mulher, a maquiadora Bete Baumgartem, e o filho Rafael, 3. Por causa da rotina de gravações, fica pouco tempo com a criança. "Procuro trabalhar essa culpa de maneira saudável. Ou você carrega essa culpa e se acostuma com ela ou não paga a conta que chega na quarta-feira debaixo da porta."
 

Com a fama, afirma que seu dia a dia não mudou em nada. "O que mudou foi o olhar das pessoas para o Rodrigo Lombardi." O assédio, fala, algumas vezes "incomoda". "Sempre tem o fã abusado, aquela pessoa que acha que pode falar o que quer. Uma vez uma senhora me pediu uma foto. A amiga dela disse que eu tinha mesmo que tirar a foto porque elas pagavam meu salário", lembra. "Já fui chamado de grosso por recusar tirar foto enquanto estou comendo. Recentemente, escreveram que já fui mais humilde porque comecei a jogar golfe!"
 

O físico, diz, sempre teve importância nessa carreira. "Se você pegar os filmes clássicos americanos, os atores estavam sempre bem. O 'physique du rôle' tem que ter." O dele foi alcançado graças aos anos dedicados ao vôlei. Foi jogador amador no Independente de Mauá. "Academia eu não supoooorto! Meu recorde foram 28 dias." O golfe é a atividade deste momento. "Te dá capacidade de concentração muito grande."
 

Antes de protagonizar "O Astro", emendou dois papéis principais em folhetins das nove: Raj, de "Caminho das Índias", de Gloria Perez, e Mauro, de "Passione", de Silvio de Abreu. E já está reservado para o próximo trabalho de Perez, uma novela das nove no fim de 2012. Com tantos protagonistas seguidos, virou um dos mais celebrados galãs da TV.
"Galã, pra mim, é como lutador de telecatch [luta livre]. Eles entram no ringue, você não os conhece, nunca viu, e diz: esse é o bandido. Aí vê o outro e fala: esse é o mocinho."
 

O termo, em sua opinião, "é quase pejorativo". "Não queria que escondesse o resto, o meu trabalho, a construção dos personagens. Porque o trabalho fica, mas o galã, muitas vezes, não. Não sei se vou envelhecer bem." O papo é interrompido para a maquiagem. Tem a barba aparada e avisa: "Agora vocês não podem fotografar porque é muito feio". A maquiadora chega com um aparelho de cortar pelos do nariz. "Quando 'O Astro' acabar, vai começar outra novela. E entrará um ator que será o boom do momento. O rótulo sempre estará lá. Agora, é o Rodrigo. Amanhã, é outro."
 

Nesses cinco anos de estrelato, tomou uma decisão: não expor mais sua vida pessoal. "Já abri minha intimidade e me arrependo. Não quero pessoas ligando na minha casa, falando de mim. Toda vez que começo um trabalho novo, por exemplo, inventam que tenho uma amante. Hoje não respondo nada pessoal. Não vou alimentar essa indústria [da fofoca]."
 

Quando a novela acabar, no próximo dia 28, pretende tirar as primeiras férias depois de anos. "Trabalhei como agente de viagem depois de fazer um intercâmbio nos Estados Unidos. Sempre quis viajar, mas não tinha dinheiro. Agora eu tenho, mas não tenho tempo!" A volta aos palcos ficará para depois.


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