LÚCIO RIBEIRO
COLUNISTA DA FOLHA

Em 1991, quando o Nirvana lançou o tão falado álbum "Nevermind", na moda agora por conta do seu aniversário de 20 anos, o grupo fez um barulho grande no rock.
Mas a revolução profunda que disco e banda causaram na música aconteceu na MTV americana, com o vídeo de "Smells Like Teen Spirit".
É inimaginável hoje em dia uma das mais de 30 MTVs do planeta justificar o "m" de "music" do seu nome e causar qualquer tremidinha na música com algum lançamento de vídeo.
Mais ainda uma banda atual, de alcance internacional, como tinha a inglesa Dire Straits nos anos 1980, botar um slogan da MTV em letra de canção famosa para um astro como Sting cantar.
Tão perdida quanto as gravadoras no meio da corrente mudança de costumes no consumo de música, a MTV tenta aqui, experimenta dali, tira a música, volta com a música e não consegue recuperar a relevância na cena.
Vítima da mesma modernidade que há 30 anos lhe deu fama, a MTV se vê há algum tempo no meio de uma "conspiração anos 2000" em que YouTube e programas de auditório de tiozinhos como David Letterman levam bandas como Coldplay a tocar ao vivo numa noite besta qualquer e para uma audiência que a MTV raramente vê.
Uma saída, agora olhando para o umbigo da filial brasileira, talvez fosse atrelar a música à comédia jovem que parece estar lhe garantindo sobrevida. E não confundir música com vídeo de música, que isso já era mesmo. E não se acomodar em ser apenas uma "MTeenV".
Isso até que a música retome sua personalidade dentro da emissora. Quem mandou ser Music Television. Já passou a hora de soltar o velho slogan readaptado: "I want my MTV. Back".
Porque senão...


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