São Paulo, domingo, 02 de outubro de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

CRÍTICA ARTES PLÁSTICAS

Mostra na Bienal reúne o que há de mais valorizado no mercado de arte

AO TRAZER AO PAÍS UM CONJUNTO DE OBRAS PRATICAMENTE IMPOSSÍVEL DE VER NUM SÓ LOCAL, A EXPOSIÇÃO JÁ SE JUSTIFICA

ESTRANHO APENAS É QUE O TIME COM QUE SE COMEMORAM OS 60 ANOS DA BIENAL TENHA ESTADO FORA DE SUAS 29 EDIÇÕES

FABIO CYPRIANO
CRÍTICO DA FOLHA

"Em Nome dos Artistas" é não só uma mostra, mas um grande compêndio da produção mais valorizada pelo mercado de arte nas últimas duas décadas.
Pode-se até duvidar que Matthew Barney, Jeff Koons, Richard Prince ou Cindy Sherman, alguns dos ícones em exibição no edifício do Ibirapuera, permaneçam referências tão importantes como são hoje nos futuros livros de história da arte.
Entretanto, os valores que suas obras já alcançaram os colocam na história de qualquer jeito.
Assim, a mostra, com o acervo de um dos grandes colecionadores de arte contemporânea do mundo, o norueguês Hans Rasmus Astrup, ganha no país feição especial.
Salvo raras exceções, essas obras milionárias nunca estiveram por aqui e são conhecidas ao vivo apenas por quem já saiu do país.
Mesmo para os viajantes, no entanto, seria praticamente impossível ver num só local o grupo de obras e artistas ali reunidos. Por isso, ao trazer ao país esse acervo, a exposição já se justifica.

SEGMENTOS
Organizada pelo curador Gunnar Kvaran, também responsável pelo museu Astrup Fearnley, que é a sede da coleção, em Oslo, a mostra divide-se em três segmentos.
O primeiro, do artista inglês Damien Hirst, reúne oito trabalhos de várias fases de sua carreira, entre eles "Mãe e Filho Divididos", uma vaca e um bezerro cortados ao meio, dispostos em vitrines de formol.
A obra sensacionalista do polêmico artista britânico, um das primeiras da mostra, dá o tom espetacular que segue nos demais pisos.
No segundo andar do pavilhão, estão 39 artistas da nova geração norte-americana, dispostos em uma montagem dinâmica, que busca provocar diálogos.
A diversidade de temática e de suportes imprime aí um ritmo mais próximo do que se costuma ver no pavilhão em tempos de Bienal.
Finalmente, no último piso, estão os consagrados. Aí, a cenografia da mostra, a cargo de Daniela Thomas e Felipe Tassara, replica uma montagem bastante museológica.
Conjuntos significativos de obras de Prince e Sherman, artistas que levaram a discussão da fotografia ao limite, ganham destaque, assim como a montagem de Barney, desenhada por ele mesmo.
Estranho apenas é o caráter esquizofrênico da exposição, que comemora os 60 anos da Bienal de São Paulo com um time que, majoritariamente, esteve fora de suas 29 edições -talvez por pertencer a uma tendência da arte marcada pelo comércio.

EM NOME DOS ARTISTAS
QUANDO de ter. a dom., das 9h às 19h (qui. até as 22h); até 4/12
ONDE Pavilhão da Bienal (parque Ibirapuera, portão 3, tel. 0/xx/11/5576-7600)
QUANTO R$ 20 (aos domingos, a entrada é franca)
CLASSIFICAÇÃO livre (algumas salas têm classificação indicativa)
AVALIAÇÃO ótimo



Texto Anterior: Centro mineiro inaugura série de obras na quinta
Próximo Texto: Vanessa vê TV: Zebras na pista
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.