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"Pequenos" reforça a violência
MÔNICA RODRIGUES COSTA
Editora da Folhinha
O aparato técnico de "Pequenos
Guerreiros" faz desse filme um
"Toy Story" bélico. Os guerreiros
são soldados e monstros que lutam
entre si com uma fluência invejável
por qualquer um que produz filmes de aventura para crianças.
As armas são feitas com sucata
achada na garagem de um garoto
que é o dono dos bonecos de ação e
cujo pai tem uma loja de brinquedos quase falida.
Os bonecos foram criados em
uma fábrica por um inventor que
capturou a técnica de chips do
Exército americano e a desenvolveu nos soldados do comando Elite. Os chips são capazes de aprender, e, o que seria uma luta lugar-comum de uma brincadeira infantil, torna-se uma guerra em que o
que importa é vencer -e a fábrica
de brinquedos ganhar dinheiro.
Os soldados lutam contra os
Gorgonites, nascidos para perder.
Os monstrinhos preferem se esconder a lutar e procuram um país.
"Pequenos Guerreiros" tem efeitos especiais variados, construídos
com a experiência de Joe Dante,
que dirigiu "Gremlins" -aventura de ficção científica imaginosa.
Mas o enredo é banal, trata das
coleções de bonecos que alimentam a fantasia bélica dos meninos.
A sofisticação técnica funciona para reforçar a idéia de um mundo
em que a violência e a ganância são
ingredientes obrigatórios.
O que fica do filme é a expectativa da repetição, pelas crianças espectadoras, da guerra vista na tela,
pois elas vão sair do cinema e comprar os bonecos e a fita de game.
É curioso como o enredo de "O
Fim da Violência" (1997), de Wim
Wenders, mantém pontos em comum com a trama de "Pequenos
Guerreiros". Ambos dizem respeito à indústria do entretenimento.
O primeiro enfoca um cientista e
um produtor de filmes. O segundo,
um inventor dentro de uma fábrica
de brinquedos. Mas os dois filmes
têm efeitos opostos. Wenders usa a
fórmula dos filmes de violência para questioná-la. Dante incita sua
exaltação. Quem está certo?
Por um lado, escola e família mal
dão conta de discutir valores com
as crianças, ainda que a filosofia
educacional dos anos 90 esteja um
pouco mais rígida.
Por outro, os limites da ética no
cinema, na TV, nos outros meios
de comunicação tornam-se cada
vez mais elásticos. "Pequenos
Guerreiros" perde a oportunidade
de problematizar tudo isso.
²
Filme: Pequenos Guerreiros
Produção: EUA, 1998, 110 min
Diretor: Joe Dante
Quando: a partir de hoje, no Top Cine 2 e
circuito
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