São Paulo, Terça-feira, 02 de Novembro de 1999
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Mostra traz 20 obras de Aleijadinho

especial para a Folha

O mineiro Antônio Francisco Lisboa, nascido em 1738, era filho de uma negra e um arquiteto português. Arquiteto e escultor talentoso, Aleijadinho passou a sofrer, a partir dos 40 anos, de atrofia, que lhe causou a perda de pés e mãos. Com instrumentos atados aos braços, criou até o fim da vida. Pago só por obras realizadas, morreu em 1814, pobre e cego. Acompanhou as obras das igrejas do Carmo de Ouro Preto e Carmo de Sabará, igreja de São Francisco e paróquia do Morro Grande.
Como que se preparando para a independência de um país nascido da mistura de traços, criou o testemunho das doze figuras dos profetas, instalados na rampa de entrada da Igreja de Bom Jesus de Matozinhos. De uma estátua à outra há grande diferença de execução, apesar de portarem a mesma vestimenta. Cada profeta tem na face a serenidade, um quase-sorriso abaixo do nariz afilado e dos olhos talhados. Harmonia quebrada por gestos como uma cabeça jogada para trás. O valor da obra de Aleijadinho reflete a cultura trazida pelos europeus, a assimilação da arte pela sociedade colonial e a expectativa de ruptura com a metrópole. A Igreja está solidamente implantada, definindo, no resultado da germinação barroca, os caprichos da sociedade brasileira.
Na exposição do Petit Palais, Aleijadinho participa com desenhos e 20 esculturas. No conjunto, os quatro leões de Eça, que introduzem o visitante à sua obra. Nas esculturas de madeira, a Pietá, o Santo Bispo e a representação de Baltazar, um dos reis magos, que mais parece um moleque dinâmico, presente nas cenas cotidianas da época. As igrejas, os altares e os profetas de Congonhas do Campo são representados em fotos. (EP)


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