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Mostra traz 20 obras de Aleijadinho
especial para a Folha
O mineiro Antônio Francisco Lisboa, nascido em
1738, era filho de uma negra
e um arquiteto português.
Arquiteto e escultor talentoso, Aleijadinho passou a sofrer, a partir dos 40 anos, de
atrofia, que lhe causou a perda de pés e mãos. Com instrumentos atados aos braços, criou até o fim da vida.
Pago só por obras realizadas,
morreu em 1814, pobre e cego. Acompanhou as obras
das igrejas do Carmo de Ouro Preto e Carmo de Sabará,
igreja de São Francisco e paróquia do Morro Grande.
Como que se preparando
para a independência de um
país nascido da mistura de
traços, criou o testemunho
das doze figuras dos profetas, instalados na rampa de
entrada da Igreja de Bom Jesus de Matozinhos. De uma
estátua à outra há grande diferença de execução, apesar
de portarem a mesma vestimenta. Cada profeta tem na
face a serenidade, um quase-sorriso abaixo do nariz afilado e dos olhos talhados.
Harmonia quebrada por
gestos como uma cabeça jogada para trás. O valor da
obra de Aleijadinho reflete a
cultura trazida pelos europeus, a assimilação da arte
pela sociedade colonial e a
expectativa de ruptura com
a metrópole. A Igreja está solidamente implantada, definindo, no resultado da germinação barroca, os caprichos da sociedade brasileira.
Na exposição do Petit Palais, Aleijadinho participa
com desenhos e 20 esculturas. No conjunto, os quatro
leões de Eça, que introduzem o visitante à sua obra.
Nas esculturas de madeira, a
Pietá, o Santo Bispo e a representação de Baltazar, um
dos reis magos, que mais parece um moleque dinâmico,
presente nas cenas cotidianas da época. As igrejas, os
altares e os profetas de Congonhas do Campo são representados em fotos.
(EP)
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