|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Crítica/"1408"
Clone ruim de "O Iluminado" provoca apenas bocejos
CRÍTICO DA FOLHA
Um hotel amaldiçoado
numa história de Stephen King não é nenhuma novidade. A combinação já deu origem a "O Iluminado", um filme aterrorizante do
genial Stanley Kubrick. A mistura volta em "1408", que tenta
impressionar, mas provoca, no
máximo, bocejos.
Os elementos se repetem:
um escritor em falta de inspiração, um quarto mal-assombrado num hotel de luxo, o fantasma de uma criança morta e um
casamento em crise.
Desta vez, contudo, o horror
claustrofóbico de King caiu nas
mãos do sueco Mikael Hafström, que tenta emular Kubrick, mas se contenta em orquestrar elaborados efeitos especiais numa sucessão de pseudo-sustos.
Mike Enslin (John Cusack) é
um escritor que abandonou a
ficção e vive de produzir títulos
de fácil consumo sobre lugares
supostamente mal-assombrados. Destemido, hospeda-se no
quarto 1408 de um hotel de Nova York para, mais uma vez, revelar que os fantasmas não passam de superstição.
Insiste no objetivo, mesmo
alertado que ninguém nunca
saiu vivo dali. A trama parte da
contradição entre razão e ilusão, mas, assim que se fecha a
porta do 1408, o que resta é embarcar na fantasia.
Um toque de humor chega na
voz de Karen Carpenter, com
um rádio-relógio que toca muitas vezes a canção "We've Only
Just Begun", cujos versos, naquele contexto, exalam ironia.
Fora esse bom recurso, o filme concentra-se numa sucessão de peripécias de Enslin
dentro do quarto, cujas paredes, móveis e objetos ganham
vida e passam a atacá-lo.
Então é hora de o diretor justificar seu grande orçamento
com doses maciças de efeitos
visuais de grande impacto, o
que provoca o efeito contrário
no espectador: em vez de torcermos pelo protagonista, solidários com seu sofrimento,
passamos para o lado do mal,
tão fascinados ficamos com as
metamorfoses do espaço do
quarto que queremos que ele
destrua um personagem tão
boçal.
(CSC)
1408
Direção: Mikael Hafström
Produção: EUA, 2007
Com: John Cusack, Samuel L. Jackson e Mary McCormack
Quando: em cartaz nos cines Bristol, Center Norte e circuito
Avaliação: ruim
Texto Anterior: Saiba mais: Morte foi prenúncio de era de horror Próximo Texto: Crítica/"People - Histórias de Nova York": Filme capta melancolia pós-11 de Setembro Índice
|