São Paulo, sexta-feira, 02 de novembro de 2007

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Crítica/"1408"

Clone ruim de "O Iluminado" provoca apenas bocejos

CRÍTICO DA FOLHA

Um hotel amaldiçoado numa história de Stephen King não é nenhuma novidade. A combinação já deu origem a "O Iluminado", um filme aterrorizante do genial Stanley Kubrick. A mistura volta em "1408", que tenta impressionar, mas provoca, no máximo, bocejos.
Os elementos se repetem: um escritor em falta de inspiração, um quarto mal-assombrado num hotel de luxo, o fantasma de uma criança morta e um casamento em crise.
Desta vez, contudo, o horror claustrofóbico de King caiu nas mãos do sueco Mikael Hafström, que tenta emular Kubrick, mas se contenta em orquestrar elaborados efeitos especiais numa sucessão de pseudo-sustos.
Mike Enslin (John Cusack) é um escritor que abandonou a ficção e vive de produzir títulos de fácil consumo sobre lugares supostamente mal-assombrados. Destemido, hospeda-se no quarto 1408 de um hotel de Nova York para, mais uma vez, revelar que os fantasmas não passam de superstição.
Insiste no objetivo, mesmo alertado que ninguém nunca saiu vivo dali. A trama parte da contradição entre razão e ilusão, mas, assim que se fecha a porta do 1408, o que resta é embarcar na fantasia.
Um toque de humor chega na voz de Karen Carpenter, com um rádio-relógio que toca muitas vezes a canção "We've Only Just Begun", cujos versos, naquele contexto, exalam ironia. Fora esse bom recurso, o filme concentra-se numa sucessão de peripécias de Enslin dentro do quarto, cujas paredes, móveis e objetos ganham vida e passam a atacá-lo.
Então é hora de o diretor justificar seu grande orçamento com doses maciças de efeitos visuais de grande impacto, o que provoca o efeito contrário no espectador: em vez de torcermos pelo protagonista, solidários com seu sofrimento, passamos para o lado do mal, tão fascinados ficamos com as metamorfoses do espaço do quarto que queremos que ele destrua um personagem tão boçal. (CSC)

1408
Direção: Mikael Hafström
Produção: EUA, 2007
Com: John Cusack, Samuel L. Jackson e Mary McCormack
Quando: em cartaz nos cines Bristol, Center Norte e circuito
Avaliação: ruim


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