São Paulo, sexta-feira, 02 de novembro de 2007

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Crítica/"La Radiolina"

Em novo álbum, Manu Chao continua interessante, mas chega ao limite criativo

MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DA REPORTAGEM LOCAL

A crítica mais comum (e preguiçosa) que se faz ao franco-espanhol Manu Chao é que seus álbuns, desde o estouro com "Clandestino" (1998), soam todos iguais.
Oxalá fosse o caso, já que "Clandestino" é um disco absolutamente sensacional e inovador em sua mistura de sons variados (barulhos eletrônicos, narração de rádio e TV etc.), línguas variadas (espanhol, francês, português, inglês) e instrumentos variados.
Como o artista prova em "La Radiolina", seu quarto trabalho solo de estúdio -tem um ao vivo e uma carreira anterior com o Mano Negra-, há novos caminhos em vista, já presentes desde a faixa de abertura, "13 Dias", com seu ritmo quase country, e no primeiro single do CD, "Rainin" in Paradise", a coisa mais rock n" roll que Chao já fez sozinho.
Sim, o cantor repete algumas bases e idéias (a de "13 Dias" volta em "Besoin de la Lune", por exemplo), mas os ingredientes que usa são variados demais para que o ouvinte se sinta ludibriado -Chao não está tentando encher lingüiça.
Além das citadas, seu novo CD tem canções dignas de sua melhor produção como "Me Llaman Calle" e "Otro Mundo".

Declínio
Posto isso, é forçoso reconhecer que, disco a disco, Manu Chao vem perdendo a força demonstrada em "Clandestino", que era melhor do que "Próxima Estación: Esperanza" (2001) -e, este, melhor do que "La Radiolina".
O irregular "Sibérie M'Était Contéee" (2004) é um caso à parte, todo em francês e sem distribuição mundial.
Com seu último lançamento, o franco-espanhol chegou ao que parece um perigoso limite criativo, principalmente no que tange ao discurso politizado, de viés socialista, de suas letras.
Ainda está fazendo boa música (e um grande show ao vivo), mas precisa se mexer, talvez voltar a rodar a América Latina.


LA RADIOLINA
Artista:
Manu Chao
Gravadora: Warner Music
Quanto: R$ 35
Avaliação: bom


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