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Crítica/"La Radiolina"
Em novo álbum, Manu Chao continua interessante, mas chega ao limite criativo
MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DA REPORTAGEM LOCAL
A crítica mais comum (e
preguiçosa) que se faz
ao franco-espanhol
Manu Chao é que seus álbuns,
desde o estouro com "Clandestino" (1998), soam todos iguais.
Oxalá fosse o caso, já que
"Clandestino" é um disco absolutamente sensacional e inovador em sua mistura de sons variados (barulhos eletrônicos,
narração de rádio e TV etc.),
línguas variadas (espanhol,
francês, português, inglês) e
instrumentos variados.
Como o artista prova em "La
Radiolina", seu quarto trabalho
solo de estúdio -tem um ao vivo e uma carreira anterior com
o Mano Negra-, há novos caminhos em vista, já presentes
desde a faixa de abertura, "13
Dias", com seu ritmo quase
country, e no primeiro single
do CD, "Rainin" in Paradise", a
coisa mais rock n" roll que Chao
já fez sozinho.
Sim, o cantor repete algumas
bases e idéias (a de "13 Dias"
volta em "Besoin de la Lune",
por exemplo), mas os ingredientes que usa são variados
demais para que o ouvinte se
sinta ludibriado -Chao não está tentando encher lingüiça.
Além das citadas, seu novo
CD tem canções dignas de sua
melhor produção como "Me
Llaman Calle" e "Otro Mundo".
Declínio
Posto isso, é forçoso reconhecer que, disco a disco, Manu
Chao vem perdendo a força demonstrada em "Clandestino",
que era melhor do que "Próxima Estación: Esperanza"
(2001) -e, este, melhor do que
"La Radiolina".
O irregular "Sibérie M'Était
Contéee" (2004) é um caso à
parte, todo em francês e sem
distribuição mundial.
Com seu último lançamento,
o franco-espanhol chegou ao
que parece um perigoso limite
criativo, principalmente no que
tange ao discurso politizado, de
viés socialista, de suas letras.
Ainda está fazendo boa música (e um grande show ao vivo),
mas precisa se mexer, talvez
voltar a rodar a América Latina.
LA RADIOLINA
Artista: Manu Chao
Gravadora: Warner Music
Quanto: R$ 35
Avaliação: bom
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