São Paulo, sexta-feira, 02 de novembro de 2007

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A força de Sharon Wauchob

Ainda pouco conhecida no Brasil, a estilista Sharon Wauchob é um dos talentos da moda que merecem ser descobertos por aqui. Nos desfiles de Paris, onde apresenta suas coleções, ela tem uma presença discreta, mas sempre instigante. Suas criações são inovadoras na concepção, sofisticadas na confecção e muito modernas, femininas e fortes no conjunto.
Força que ela atribui à sua origem -ela nasceu em Co Tyrone, na Irlanda, em 1971.
"Sempre me identifiquei com a força das mulheres irlandesas, em termos de caráter", diz ela.
Seus estudos de moda foram feitos na famosa Central St. Martins, em Londres. Depois, trabalhou com Koji Tatsuno e, em 1997, mudou-se para Paris, onde atuou na área de desenvolvimento de tecidos e acessórios da Louis Vuitton. Em 1998, ela abriu sua marca e fez seu primeiro desfile em Paris.
"Enquanto Koji me mostrou a importância dos estilistas independentes, a Louis Vuitton foi relevante para eu entender a infra-estrutura de uma maison tradicional. Tive sorte de poder conhecer os dois extremos", afirma Sharon, que vive hoje em Paris e tem na sua equipe a talentosa brasileira Monica Fernandes.

 

FOLHA - Você trabalhou muito tempo com têxteis. O que há de mais novo e fascinante neste setor?
SHARON WAUCHOB -
Embora os têxteis estejam se desenvolvendo muito, também estão perdendo algumas de suas qualidades tradicionais de grande valor. Para evitar isso, precisamos tentar trabalhar mais estreitamente com as fábricas e criar avanços mais interessantes.

FOLHA - Quando você cria, tenta ajustar as suas roupas a imagens femininas tradicionais ou imagina uma imagem que não existe?
SHARON -
Procuro fazer as duas coisas. Gosto de ver uma silhueta nova e me instiga brincar com formas... Entretanto, como mulher, sei como nós queremos nos sentir -e como a beleza e a feminilidade não devem ser desprezadas.

FOLHA - O vocabulário da moda atual não é muito restrito e repetitivo, cheio de clichês?
SHARON -
Concordo, mas não penso tanto assim nas palavras... Procuro dizê-lo por meio das roupas, e é por isso que os desfiles sempre serão importantes: eles nos proporcionam uma outra maneira de falar.

FOLHA - Hoje fala-se em hibridismo e multiculturalismo na moda. O que pensa desse desejo de misturar culturas nas roupas?
SHARON -
O chamado multiculturalismo está em toda parte. Não só na moda, mas também na comida e na arquitetura, por exemplo. Eu realmente penso "multiculturalmente" quando crio, porque acredito que a mulher de hoje é internacional.

FOLHA - Você disse certa vez que a moda é esquizofrênica, tendo um lado artístico e outro prático. Como faz para lidar com ambos os lados?
SHARON -
Estou tentando combinar esses dois aspectos, como muitos outros estilistas jovens. Mas eu percebo que, quando me encontro com eles, nós nos sentimos tímidos para falar sobre aspectos criativos e temos tendência a discutir muito mais os nossos negócios.


com VIVIAN WHITEMAN


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