São Paulo, quarta-feira, 02 de novembro de 2011

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Filha de Glauber Rocha estreia em CD autoral

Ao mesmo tempo em que apresenta primeiro longa no cinema, Ava Rocha se lança como vocalista da banda Ava

Foi no teatro, convidada por José Celso Martinez Corrêa, que ela fez sua primeira aparição pública como cantora

MARCUS PRETO
DE SÃO PAULO

Filha de Glauber Rocha, Ava, 32, ainda não leu "A Primavera do Dragão", livro de Nelson Motta sobre a juventude do cineasta, instantes antes de ele se tornar a figura central do cinema novo.
"Mas eu disse ao Nelson que, mesmo tendo agora mais idade e menos talento do que meu pai naquele período, estou vivendo a minha primavera do dragão", ela diz.
A exposição começou.
Ava, que também é cineasta, mostrou há uma semana o primeiro longa, "Ardor Irresistível", na Semana dos Realizadores, mostra dedicada ao cinema independente.
Sete dias depois, lança "Diurno", o primeiro álbum da banda da qual é vocalista. Ava é o nome da cantora e é também o nome da banda.
"Eu não conseguia ser uma cantora sozinha", diz. "Os meninos foram determinantes na descoberta do conteúdo desse trabalho -e mesmo do meu exercício de cantora. Descobrimos juntos o que eu era. Minha voz foi só o elo." Os "meninos" a que ela se refere são Daniel Castanheira, Emiliano 7 e Nana Carneiro da Cunha -todos, como Ava, ligados ao cinema, à música feita para a imagem.
Daniel vem de arte sonora e é filósofo. Emiliano é editor de som, constrói trilhas. Nana é musicista de teatro experimental e, diz Ava, "toca violoncelo com rebeldia".
"A gente estava nessa sintonia de transar música de uma maneira muito livre."
Ela canta desde menina.
A voz grave carrega uma atmosfera dramática. É noturna, contrastando com o título do álbum. Lembra de longe os graves de Cássia Eller.
Aos 20, começou a compor, em parceria com o irmão Pedro Paulo Rocha, também cineasta. Mas foi Zé Celso Martinez Corrêa quem a levou a se assumir cantora, quando, em 2006, a convidou para cantar nos DVDs de "Os Sertões", do Teatro Oficina. Foi sua estreia oficial.
"O Zé foi tão veemente, e a figura dele é tão determinante, que me senti encorajada. Saí decidida a dar uma pausa na coisa do cinema e me dedicar à música."
Fez, com a banda, alguns shows, no Rio e em São Paulo, mostrando o repertório que resultaria em "Diurno". São temas compostos pela banda: sambas, bossa nova, peças instrumentais com sabor de trilha sonora, experimentalismo. Regravou Edu Lobo e Jards Macalé.
Ava diz se sentir inserida na geração que, hoje, faz a música do Brasil. "Mas meu compromisso estético não é estritamente musical."
É a música da imagem.

DIURNO
ARTISTA Ava
LANÇAMENTO Warner
QUANTO R$ 30, em média


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