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ÚLTIMA MODA
O jogo de Kuerten & Nakao
O que há em comum entre o
estilista Jum Nakao e o tenista Gustavo Kuerten? O tênis,
justamente. Eles não chegaram a jogar uma partida juntos,
mas o estilista ainda tem esperanças de que isso aconteça. Fora o
gosto pelo tênis, eles são muito
diferentes em tudo. Nakao tem 39
anos, é baixo, um tanto circunspecto e meditativo. Kuerten, 26, é
esguio e tem aquela ligeireza que
todos conhecem.
Em 2004, Nakao fez um desfile
histórico e polêmico na São Paulo
Fashion Week, com roupas muito
elaboradas, mas todas elas de papel. No final da apresentação, as
modelos rasgaram as peças da coleção inteira, enquanto a platéia
aplaudia (e alguns choravam). A
apresentacão ficou registrada no
belo livro "A Costura do Invisível" (ed. Senac), com imagens do
trabalho e reflexões do estilista sobre o vazio, a incerteza e o efêmero. Nakao passava por uma crise
financeira, e algo disso se refletiu
na coleção, que tentava afrontar a
fúria do mercado com a arte superior da costura.
Agora, voltou à cena. Foi o designer escolhido para criar a coleção da grife masculina Guga
Kuerten, lançada na quarta-feira
em Florianópolis, com a abertura
da primeira loja da marca, de 550
m2, um desfile com muitos clones
do tenista e uma grande festa.
O lançamento da grife custou
R$ 6 milhões e foi arquitetado pelo consultor de produtos de luxo
Carlos Ferreirinha, a convite da
família Kuerten. O projeto prevê a
abertura de lojas em outras capitais e vendas para o exterior. "Por
sermos tão diferentes, Jum e eu,
nosso trabalho acabou dando certo", disse Kuerten, no evento.
"Jum deu um toque de classe a
uma roupa despojada, como as
que eu gosto de usar."
"Há um elo invisível entre Guga
e eu, que é o fato de prezarmos a
individualidade. Num mundo de
simulacros, esta autenticidade é o
mais importante", afirmou Nakao. "Não quero ser conhecido
como o criador que fez roupas para rasgar. Fazer a coleção Guga
Kuerten me deu a oportunidade
de mostrar meu outro lado." O
seu contrato com a grife tem duração de dois anos.
Kuerten conta que opinou várias vezes no resultado final, mas
deixou o estilista livre para criar.
"Tem uma camisa de listras que
não é das minhas favoritas. Mas
aprendi a pensar nos dois lados:
no meu gosto e no dos outros."
Nakao foi transportado para
um patamar bastante comercial e
estilisticamente mais modesto do
que aquele em que costumava
transitar. Mesmo assim, sua coleção é um acerto, na maior parte
das vezes. Ele conseguiu juntar
com desenvoltura o streetwear e o
surfwear, bem ao gosto de Kuerten, com certa elaboração sutil e
sofisticada, sobretudo na alfaiataria. Jum foi também feliz nos
jeans, que dominam a coleção.
Vestido com roupas de sua grife, Kuerten estava vagamente elegante durante o lançamento.
"Gosto de estar bem vestido. Só
não consegui dar uma forma legal
ao meu cabelo", desabafou.
MUSAS DO VERÃO
Kim Basinger (de "8 Mile -Rua das Ilusões") e uma beldade com tempero tropical serão
as estrelas da campanha do verão 2006 da Miu Miu, grife jovem da Prada. A loira e a atriz
Camilla Belle, filha de mãe brasileira e pai americano, foram
clicadas em Paris.
EMBALO
A Triton fez uma
parceria com a agência Hypno DJs e vai
lançar um CD, só para clientes, com trilha
de 28 DJs brasileiros
e estrangeiros.
Carlos Miele quer ganhar o mundo
Desde 2002, o estilista Carlos Miele deixou de desfilar suas coleções
no Brasil. Estressado com as disputas que vinha travando no país e lhe
valeram o epíteto de "bad boy da
moda brasileira" (segundo a "Time"), resolveu se dedicar à carreira
internacional. Há dois anos, abriu
uma loja luxuosa em Nova York,
passou a desfilar só nos EUA e conquistou o gosto de celebridades como a atriz Mena Suvari e a cantora
Alicia Keys com a grife Carlos Miele. "Minha roupa está fazendo a
mulher americana ficar mais sexy",
diz, na sua nova loja em São Paulo.
No primeiro semestre de 2006, ele
inaugura a sua filial de Paris, no chique Faubourg Saint-Honoré. Também vai levar sua grife para a Saks
da Quinta Avenida, em Nova York.
A meta é que Miele venda US$ 1 milhão em roupas, somente nessa loja,
no ano que vem. No segundo semestre, pretende abrir a filial de
Londres. Em 2007, a de Milão. "É o
circuito que importa na moda."
No final dos anos 90, foi pioneiro
em levar temas brasileiros às passarelas, além de convidar músicos radicais, como Hermeto Pascoal, e artistas de vanguarda para seus desfiles. São águas passadas. "Não quero
estar nesta onda de Brasil, que logo
vai passar. Quero ser visto como
um designer internacional", diz, citando o exemplo do dominicano
Oscar de la Renta e da venezuelana
Carolina Herrera, que fizeram carreira nos EUA. Com Herrera e De la
Renta, ele participa na semana que
vem de um desfile no Museum of
Fine Arts, em Houston.
Atualmente, Miele dispensa mais
atenção à grife que leva seu nome
do que à M. Officer, de onde vem o
seu principal faturamento. No Brasil, suas roupas ainda fazem alguns
torcerem o nariz, por considerá-las
espalhafatosas. Mas ele não se importa. "A grife Carlos Miele já se
sustenta sozinha", conta. Também
quer dedicar mais tempo ao seu trabalho de videoartista e performer- marcado pelo experimentalismo. "Hoje, no Brasil, tenho mais
amigos no mundo das artes do que
no da moda", diz ele.
Calos nos pés e cabeça nas estrelas
Na jornada rumo ao título de top
model, é preciso amadurecer cedo.
Que o digam as 16 finalistas do concurso Super Model Brazil, da Ford.
"Concentradas" durante uma semana, elas enfrentaram ensaios, fotos,
calos nos pés e saudade da família.
A primeira regra é aprender a perder e seguir em frente. Gisele Bündchen, a top mais poderosa de todos
os tempos, jamais venceu um concurso. A gaúcha Laiane Levcovich,
16, passou por sua primeira prova de
fogo na última terça-feira, quando
foi realizada a festa de premiação da
competição, em São Paulo. Não ficou entre as seis primeiras, mas segurou as pontas. "Valeu a pena",
disse, mesmo sabendo que logo
mais espremeria suas longas pernas
em um ônibus e encararia 20 horas
de viagem até Guaíba. Em meio a lágrimas e estômagos embrulhados,
brilhou a estrela da paulista Augusta
Lucchini, de Jundiaí, 1,78 m, cabelos
castanhos e olhos verdes. De perto,
uma menina tímida. Na passarela,
uma profissional de apenas 13 anos.
ALCINO LEITE, com Viviane Whiteman - ultima.moda@folha.com.br
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