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Crítica
Wes Anderson evita dor de Schlesinger
PAULO SANTOS LIMA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A desgraça e a alegria estão
na costura da vida. O que nos
resta é decidir como encarar essa gangorra. No cinema, arte inclinada a imitar a vida, não é diferente.
Wes Anderson, por exemplo,
é irreverente. Seu belíssimo "A
Vida Marinha com Steve Zissou" (Max Prime, 22h30) fala
de um pai que não assume a paternidade do filho, da idade
pondo esse "padrasto" a escanteio, ou ainda um outro que toma um senhor balaço na perna
(Seu Jorge, no caso, fazendo
uma curiosa ponta "acústica").
Diante disso, os personagens
não ficam pasmados com os
problemas. Pelo contrário, as
rusgas se apagam, com o pai virando grande amigo do filho,
"paternidades" não-consangüíneas etc. A vida avança e se faz
bonita mesmo nesses percalços
desairosos.
A chave é outra em "Perdidos na Noite" (MGM, 22h),
outro lindo filme, e o diretor
John Schlesinger mostra a corrosão avançando sobre as vidas, da pureza perdida de um
matuto em Nova York (Jon
Voight) ao seu amigo com tuberculose avançada (Dustin
Hoffman). Muita tristeza e dor.
E hoje passa outro Schlesinger, "Maratona da Morte"
(TC Cult, 18h). Aqui, curiosamente, parece uma injeção do
"seguir em frente" das comédias de Anderson na dor de
Schlesinger. E haja dor, com o
maratonista (Hoffman) torturado por um dentista. E, ainda
assim, segue em frente, sem
choro e, literalmente, correndo. Uma lição de vida.
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