São Paulo, domingo, 02 de dezembro de 2007

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Crítica

Wes Anderson evita dor de Schlesinger

PAULO SANTOS LIMA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A desgraça e a alegria estão na costura da vida. O que nos resta é decidir como encarar essa gangorra. No cinema, arte inclinada a imitar a vida, não é diferente.
Wes Anderson, por exemplo, é irreverente. Seu belíssimo "A Vida Marinha com Steve Zissou" (Max Prime, 22h30) fala de um pai que não assume a paternidade do filho, da idade pondo esse "padrasto" a escanteio, ou ainda um outro que toma um senhor balaço na perna (Seu Jorge, no caso, fazendo uma curiosa ponta "acústica").
Diante disso, os personagens não ficam pasmados com os problemas. Pelo contrário, as rusgas se apagam, com o pai virando grande amigo do filho, "paternidades" não-consangüíneas etc. A vida avança e se faz bonita mesmo nesses percalços desairosos.
A chave é outra em "Perdidos na Noite" (MGM, 22h), outro lindo filme, e o diretor John Schlesinger mostra a corrosão avançando sobre as vidas, da pureza perdida de um matuto em Nova York (Jon Voight) ao seu amigo com tuberculose avançada (Dustin Hoffman). Muita tristeza e dor.
E hoje passa outro Schlesinger, "Maratona da Morte" (TC Cult, 18h). Aqui, curiosamente, parece uma injeção do "seguir em frente" das comédias de Anderson na dor de Schlesinger. E haja dor, com o maratonista (Hoffman) torturado por um dentista. E, ainda assim, segue em frente, sem choro e, literalmente, correndo. Uma lição de vida.


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