São Paulo, quinta-feira, 02 de dezembro de 2010

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"Me sinto com 20 anos", diz Coppola, 71

No Brasil para lançar "Tetro", diretor conta que, graças ao lucro de vinícola, pode fazer o que sempre quis

Cineasta não descarta filmar um dia no Brasil, mas questiona se os preços para trabalhar no país são altos

BRUNO YUTAKA SAITO
EDITOR-ASSISTENTE DA ILUSTRADA

Está longe o tempo em que Francis Ford Coppola era o "chefão" de Hollywood. Mas, ainda assim, quando entra na sala para a coletiva de imprensa, o respeito que impõe é digno de Don Corleone em "O Poderoso Chefão" (1972).
Mas logo a tensão se desfaz. O diretor norte-americano conversou calmamente com jornalistas ontem, na Faap, para divulgar seu mais recente filme, "Tetro".
"Estou em um momento da vida em que posso fazer o filme que quiser, desde que esteja dentro do meu orçamento", diz Coppola.
Aos 71 anos, o cineasta diz começar a segunda fase de sua carreira. Alçado ao estrelato nos anos 70, foi à falência com o fracasso de "O Fundo do Coração" (82). Passou boa parte dos anos 80 fazendo filmes sob encomenda para pagar dívidas e, nos anos 90, fez apenas três filmes.
Acabou se reinventando como empresário. Com os lucros de vinícola na Califórnia e outros empreendimentos, Coppola hoje financia seus próprios filmes. "Tetro" é o segundo filme nesse modelo. "Velha Juventude" (2007) marcou o retorno às telas após hiato de dez anos.
Pouco antes de chegar ao Brasil havia finalizado o terceiro, "Twixt Now and Sunrise", com Val Kilmer. "Veja, ainda tenho lama nos meus pés", disse para o jornalista, sobre o filme que, segundo ele, marca um retorno às suas origens no terror, quando trabalhava para o produtor e diretor Roger Corman.
"Tetro", drama sobre uma família fraturada por traumas, foi filmado na Argentina. "A grande literatura do século vem da América Latina: Cortázar, Borges, Bolaño, Jorge Amado...Esperava que, indo lá, seria inspirado por essa tradição."
O diretor não descarta a possibilidade de, um dia, filmar no Brasil. "O real tem se valorizado e há uma ótima prosperidade. Mas parece que filmar aqui é tão caro quanto em outros países. Romênia e Argentina são mais vantajosos por causa da cotação da moeda local em relação ao dólar. Você sabe se é muito caro filmar no Brasil?"
Não seria o primeiro envolvimento do diretor com o país. Em 1998, Coppola veio ao país e participou de eventos relacionados a "Chatô", filme não concluído até hoje por Guilherme Fontes.
"Ele queria a tecnologia moderna da Zoetrope [estúdio de Coppola e George Lucas]. Mas, quando cheguei ao Rio, ele queria que eu dirigisse o filme."
"Eu falei: "Bem, não sei se é algo que quero fazer, mas te darei os todos os conselhos que você precisar. Fiquei surpreso depois quando disse que ele mesmo iria dirigir. Por que você não escolhe Hector Babenco ou Bruno Barreto, perguntei (...) Ele chegou a terminar o filme?"


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