|
Texto Anterior | Índice
"Quero que o público se surpreenda"
free-lance para Folha
Diretor musical de "Cazas de
Cazuza", o paulista Daniel Ribeiro, 23, acredita em nova perspectiva para o teatro musical brasileiro. Sua formação inclui trabalhos
com Roberto Sion e dois anos de
estudos em Nova York.
A parceria com Rodrigo Pitta
vem desde 93, quando se conheceram num grupo de teatro da
Cultura Inglesa. No momento,
Ribeiro vive Mark, em "Rent". A
seguir, ele conversa com a Folha
sobre o gênero.
(VS)
Folha - Como você avalia o
teatro musical hoje no Brasil?
Daniel Ribeiro - O Brasil tem
uma história de musical completamente diferente da dos EUA.
Lá, existe uma indústria à parte,
com seus códigos, seus clichês. O
musical americano é por essência
romântico. Foram sobretudo os
autores Andrew Lloyd Webber,
com "O Fantasma da Ópera", e
Claude-Michel Schonberg, com
"Miss Saigon" e "Os Miseráveis",
que trouxeram essa coisa da ópera, do drama, no final dos anos 80
e início dos 90.
Nós, brasileiros, procuramos
quebrar as fórmulas românticas.
É lógico que você vai ao teatro para ver um espetáculo que te agrade, mas também, acima de tudo,
que te faça pensar. E o musical
nos EUA não tem esse tempo.
Folha - Qual a filosofia da
Companhia Brasileira de Teatro
Musical?
Ribeiro - Acima de tudo, a gente
quer provar que podemos fazer
um musical essencialmente brasileiro, com boas performances.
Queremos que o espectador se
surpreenda com a qualidade técnica e artística. É decepcionante
quando você vai assistir a um musical no Brasil...
Quando falamos da Broadway,
não estamos falando do glamour,
mas da estrutura. Queremos ser
brasileiros sem se vender ao que
vem de fora. A minha geração de
artistas percebe que o mercando
está ficando mais exigente. Fazer
um musical é tecnicamente muito
difícil. Precisa ter preparação corporal, vocal, o som ajustado, não
dá para funcionar de uma forma
mambembe. A proposta soa inovadora, mas é um conceito que já
está aí há muito tempo.
Texto Anterior: Sete personagens em busca de sentido Índice
|