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PATRIMÔNIO
Despacho foi publicado no "Diário Oficial" do município no penúltimo dia da gestão de Pitta na prefeitura
Grupo SS obtém alvará para shopping
VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
No penúltimo dia da gestão do
ex-prefeito Celso Pitta (PTN) em
São Paulo, o "Diário Oficial" do
município publicou o deferimento do alvará que libera o grupo Silvio Santos para construir um
shopping cultural no mesmo
quarteirão onde funciona o teatro
Oficina, no bairro da Bela Vista.
O diretor do teatro, José Celso
Martinez Corrêa, vem se empenhando desde julho passado para
que o empreendimento não interfira no entorno do Oficina, que foi
tombado como patrimônio cultural há 18 anos, pelo Condephaat, e
deve ter protegida a área localizada num raio de 300 metros.
Símbolo de resistência cultural
no país, o teatro tem projeto arquitetônico assinado por Lina Bo
Bardi (1914-1992).
Zé Celso se diz surpreso com a
emissão do alvará. "Vou consultar meu advogado para pedir a revisão do processo e saber o que
aconteceu", afirma.
O despacho do "alvará de aprovação e execução de edificação
nova", de 30 de dezembro passado, corresponde ao processo número 2000-0229551/9 (Silvio Santos Participações S/C Ltda.)
O Departamento de Aprovação
de Edificações (Aprove), órgão ligado à Secretaria Municipal de
Habitação (Sehab), aprovou o documento no dia 28 de dezembro.
O processo para obtenção do alvará foi protocolado na Sehab no
dia 19 de outubro e aprovado 70
dias depois. Segundo a nova diretora do Aprove na gestão de Marta Suplicy (PT), a arquiteta Paula
Maria Motta Lara, a tramitação
desses processos costuma durar
de seis a 12 meses."Com o alvará,
eles têm autorização para iniciar a
obra a qualquer momento."
O alvará é respaldado, entre outros, pela Operação Urbana Centro, da Secretaria Municipal de
Planejamento (que permite construções além do limite do zoneamento), e pelo Condephaat, cujo
conselho, com 25 integrantes,
reuniu-se em 18 de dezembro e
endossou o anteprojeto de 97. O
pedido de vistas das plantas foi
protocolado 13 dias antes.
Arquitetos do grupo teatral e do
grupo SS já participaram de quatro reuniões, as duas últimas mediadas pelo promotor Daniel
Fink, um dos responsáveis pela
pasta do Meio Ambiente no Ministério Público.
No final de novembro, o Oficina
apresentou duas propostas ao
projeto, sobretudo em relação à
área localizada nos fundos do teatro. Zé Celso quer ver ali a ágora
projetada por Paulo Mendes da
Rocha, que evoca a praça do povo
nas antigas cidades gregas.
O porta-voz do grupo SS, Carlos Brickmann, define a obtenção
do alvará como uma etapa "normal", fruto dos últimos sete anos
de planejamento do shopping.
"Independente disso, continuaremos a intermediar a negociação
entre as duas partes", afirma o
promotor Daniel Fink. A quinta
reunião acontece este mês.
Brickmann, ex-assessor de Paulo Maluf (PTB), acena com a disposição do grupo de manter negociação. "O ideal é fazer uma sinergia com o Oficina", diz. Segundo ele, não há previsão de início das obras. O projeto deve ser
concluído em 2003.
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