São Paulo, domingo, 03 de fevereiro de 2008 |
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BIA ABRAMO Pérolas, porcos e patetas
"GRAÇAS A Deus, nunca fui
de ler livro." A frase, definitiva, é de uma das ilustres celebridades criadas no laboratório do "BBB", um tal de Fernando.
É má política ficar indignado com
aquilo que já sabemos não ser digno
de atenção, mas, ainda assim, por vezes a estupidez dá tais sustos na gente que é difícil ficar impassível.
Enquanto isso, na universidade de Aguinaldo Silva, o pau come. Na novela "Duas Caras", a instituição de ensino é palco de uma luta renhida entre aqueles que "querem estudar" -para vencer na vida, não mais do que isso; estudar aqui tem um valor de troca muito claro- e o bando de baderneiros e oportunistas, identificados como "de esquerda", que querem tumultuar o projeto "eficiente" do reitor, um ex-militante convertido ao ensino privado. Todos estudam lá -as mulatas sestrosas da favela, as patricinhas do condomínio, a mulher adulta que volta à sala de aula. Só não se sabe, ao certo, o que se estuda -embora haja gente empunhando livros e cadernos, não há uma indicação sequer (nem nos diálogos, nem nas trajetórias dos personagens) de que, em uma universidade, ao contrário dos shoppings do ensino, deva se produzir conhecimento e que o conhecimento de verdade é transformador. Justamente o que deve temer o "brother" Fernando.
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