São Paulo, terça-feira, 03 de março de 2009 |
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arquitetura do som
Com a faixa "Beautiful Life" Gui Boratto, um dos principais nomes da eletrônica brasileira, lança o disco "Take My Breath Away", com músicas sutis e emotivas, e toca nesta quinta em São Paulo, antes de embarcar para série de festivais
fora do país
THIAGO NEY DA REPORTAGEM LOCAL "Tenho a impressão de que (...) há hoje no mundo um emprego exagerado de sofisticadas tecnologias para obter apenas aspectos exteriores, decorativos, cuja rejeição é louvável em arquitetura. A arquitetura não é feita para ser histriônica." Vencedor do Pritzker, principal prêmio de arquitetura do mundo, Paulo Mendes da Rocha elogiava, em entrevista à Folha em 2006, as virtudes da simplicidade em contraponto aos exageros urbanísticos sem muito sentido. É uma linha de pensamento que parece estar, também, com o paulistano Gui Boratto. Aos 35 anos, Boratto tornou-se um dos mais populares nomes da eletrônica -justamente por criar música sutil, detalhista e emocionalmente intensa. Não é estranho associar a música de Boratto a conceitos urbanísticos. Se sua carreira como músico não tivesse decolado, ele estaria hoje trabalhando como urbanista. Formado em arquitetura pela Unip, em São Paulo, Boratto trabalhou por dois anos (em meados dos anos 1990) na Emurb (Empresa Municipal de Urbanização), onde acompanhou, por exemplo, a reurbanização na área da av. Água Espraiada (hoje av. Jornalista Roberto Marinho). Sucesso e tatuagens Ao mesmo tempo, dedicava-se à música. Fez aulas de piano, guitarra e violão e começou a compor jingles publicitários. Produziu canções de artistas como Gal Costa e Daniela Mercury, até que, no início dos anos 2000, decidiu mergulhar na música eletrônica de pista. Faixas como "Arquipelago" chegaram aos ouvidos do prestigioso selo alemão de tecno Kompakt, que lançou, em 2007, o primeiro álbum do paulistano, "Chromophobia". Apoiado em faixas pop, como "Beautiful Life", Boratto tornou-se um nome bem conhecido -a ponto de ser parado na rua em Roma e no aeroporto de Londres e de ter inspirado tatuagens com a inscrição "Beautiful Life" em adolescentes. "Ainda toco "Beautiful Life'", diz Boratto. "As pessoas ficam esperando, com o celular na mão, para gravar a música." Na semana que vem, chega às lojas o novo disco do paulistano, "Take My Breath Away", que segue pelo mesmo caminho de "Chromophobia". Cada toque de sintetizador, de baixo, cada timbre que há no disco parece ter sido meticulosamente calculado. Em arquitetura, essa precisão é essencial para a realização de qualquer projeto. Em música, pode sugerir algo frio, burocrático até. Boratto dribla esse risco ao inundar suas faixas com melodias quentes, emotivas, como no single "No Turning Back", das poucas faixas com vocal. "Minha preocupação não é com a "bombação". Há no disco faixas lentas, melancólicas, que não são de pista", afirma. Quando compõe, Boratto guarda uma preocupação com o público: "Música não deixa de ser um produto, seja para escutar tomando o café da manhã, seja para dançar na pista. Minhas músicas possuem estrutura pop, com refrão, estrofe". Nesta quinta, Boratto lança "Take My Breath Away" com show no Clash (r. Barra Funda, 969, SP). Depois, vai a festivais como Coachella, Winter Music Conference (EUA), Sónar e Benicássin (Espanha). TAKE MY BREATH AWAY Artista: Gui Boratto Lançamento: ST2 Quanto: R$ 30, em média Avaliação: ótimo Texto Anterior: Mônica Bergamo Próximo Texto: Frase Índice |
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