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Engajamento no Brasil foi mais indireto
DA REPORTAGEM LOCAL
A música de protesto latino-americana começou
a se constituir como fenômeno mais nítido no final
dos anos 50, principalmente na Argentina, no
Chile e no Uruguai.
O período de ditaduras
nesses países, nos anos 70
e 80, reforçou seu caráter
de enfrentamento aos regimes e de defesa do socialismo. Para Marcos Napolitano, professor de história da Universidade de São
Paulo e estudioso das relações entre cultura popular
e regime militar no Brasil,
o que caracterizava esse
gênero era uma mistura de
folclorismo rural e urbano, uma poética lírica com
mensagens políticas, uma
performance despojada e
o uso de instrumentos
acústicos, além da recuperação de gêneros musicais
tradicionais.
Os temas predominantes nas letras são representações de coragem do
homem do povo, de camponeses e estudantes.
Napolitano aponta diferenças entre o gênero que
se consolidou na América
hispânica e a MPB. "Ambos dialogaram com a indústria fonográfica e tiveram como nicho o público
estudantil de classe média.
Mas, no caso da MPB, a relação com a indústria foi
mais profunda e o público
se expandiu nos anos 70."
O historiador aponta,
ainda, que a música brasileira nunca se configurou
como "canção de barricada" como nos outros países. A exceção teria sido
Geraldo Vandré. "Nosso
engajamento era mais sutil, difuso e indireto, talvez
menos mobilizador do que
nos outros países."
(SC)
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