São Paulo, quinta-feira, 03 de abril de 2008

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Crítica

"A Rainha" vai além da verdade dos "fatos reais"

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Michael Sheen parece Tony Blair em "A Rainha" (TC Premium, 23h35). Mas, logo de saída, sabemos que não é ele. Helen Mirren parece Elizabeth 2ª, mas, desde cedo, sabemos que não é a mesma pessoa.
Eles se esforçam tremendamente para repetir tiques, modos de falar, maneiras dos personagens. Imagino que outros personagens, que conheço menos, também. Mas isso é quase uma coqueteria de Stephen Frears. Ele sabe que o destino de seu filme não depende dessa semelhança ser maior ou menor. A imperfeição é, no caso, inerente à empreitada.
O que Frears se empenha, de todo modo, não é em reproduzir "fatos reais" que estariam na base de seu filme: os fatos que cercam a família real inglesa e seu premiê imediatamente após a morte de Diana.
O que dá verdade ao filme não é a realidade anterior, é a maneira como dispõe os personagens em relação uns aos outros, à mídia, ao povo inglês. Afinal, a verdade, na representação do "fato real", nunca vem do "fato real".


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