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EM CARTAZ
Na solidão de todos os homens
do Universo Online
"Na Companhia de Homens",
em cartaz há uma semana, não é
só difícil de se ver. O filme do diretor norte-americano estreante
Neil LaBute consegue combinar
tantos clichês, e de maneira tão
descarada, que gruda como carrapato na pele de quem o assiste.
Passam-se dias e você está lá se
perguntando se o sadismo tem ou
não tem sexo, se o diretor é genial
por ser cínico ou se é cínico por ser
genial, se sacanagem maior é iludir uma mulher ou... iludir um
amigo??!!.
No fim, você se vê envolvido em
uma armadilha teatral sobre a moral -localizada nos anos 90, travestida de sexismo.
O argumento é trágico, e o fim
da história, nauseante. Chad (Aaron Eckhart) e Howard (Matt Malloy) são dois ex-colegas de escola
que trabalham na mesma empresa. São enviados para uma unidade da corporação em uma cidade
do interior dos Estados Unidos.
A missão inicial da dupla de
nerds é implantar um novo sistema de software.
Durante a viagem, Chad, que é o
bonitão da hora, propõe a Howard
conhecer, adular e seduzir, ao
mesmo tempo e sem que ela saiba,
a mais frágil mulher que encontrarem no local, para depois fazê-la
sofrer. Um dos requintes: tem de
ser uma mulher sem esperanças,
com auto-estima em baixa, para
sentir mais o baque.
E assim segue a trama, em meio
a junk food, constrangimento, sadismo, solidão e piadas.
No decorrer, se descobre que
Chad tem mais uma missão secreta, talvez a mais importante, a que
justifique tudo. Talvez.
"Na Companhia de Homens" foi
considerado por parte da crítica
americana, e será também por
parte da audiência, como um filme misógino, machista.
É mais ou menos como interpretar um sonho ao pé da letra, como
achar que um ator é seu personagem. Será parte da armadilha?
Por outro lado, segundo disse o
próprio diretor, em entrevista,
exatamente por ter personagens
masculinos tão apequenados, tão
sem talento e sem ética, também
foi considerado um filme feminista. Menos óbvio, mas não suficiente. Poderia ser também a concretização de uma fantasia feminina sobre como funciona a maldade masculina. Ou então um ensaio
sobre a competição sem limites no
mundo do trabalho.
O fato é que é um filme que se faz
gostar pelo que faz pensar depois.
Tem duração. É simulacro. É bom
teatro na tela.
(MARA GAMA)
Filme: Na Companhia de Homens
Produção: EUA, 1997
Direção: Neil LaBute
Com: Aaron Eckhart, Stacy Edwards, Matt
Malloy, Emily Cline, Mark Rector
Onde: Espaço Unibanco de Cinema - sala 2
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