São Paulo, quinta-feira, 03 de maio de 2007

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O lado negro do aranha

O protagonista Tobey Maguire conta à Folha como temperou a face sombria do herói em crise com pitadas de humor

BRUNO YUTAKA SAITO
ENVIADO ESPECIAL A TÓQUIO

Esta é uma história sobre um sujeito bem-intencionado, com superpoderes, mas, que, em determinado momento, deixa a raiva e um sentimento de vingança lhe corromperem o caráter. Ele vai para o lado negro.... da Força? Quase. Não se trata da saga de Darth Vader nem de um episódio de "Star Wars".
Esta é a história de outra franquia milionária, a mais bem-sucedida da atualidade, "Homem-Aranha", que chega ao seu terceiro episódio, em pré-estréia hoje. Amanhã, o filme chega ao Brasil com 690 cópias, em 840 salas, 41% de um total de 2.045 salas no país, o que o torna um dos maiores lançamentos da história.
Neste episódio, Peter Parker (Tobey Maguire), o jovem estudante e fotógrafo pé-rapado que combate o crime em Nova York sob o disfarce de Homem-Aranha, deixa as cores azul e vermelho de seu uniforme para ficar literalmente "dark".
No início do filme, Peter tem o mundo aos seus pés. Nova York finalmente reconhece o valor do herói, enquanto ele está prestes a pedir Mary Jane (Kirsten Dunst) em casamento. A vaidade e a soberba do jovem tímido começam a despontar.
Depois, Peter conhece a verdadeira identidade do assassino de seu tio Ben, morto no primeiro filme da série. Surge o desejo de vingança.
Está feita a tônica deste terceiro episódio. Ele não é mais um super-herói com o caráter acima de qualquer suspeita.
"Sam [Raimi, diretor] e eu nos divertimos muito desenvolvendo o lado negro de Peter Parker, mas foi difícil achar o tom certo", diz Tobey Maguire à Folha. "Obviamente, tivemos que fazer o filme para a maior audiência possível, então não dava para fazer algo muito pesado, sombrio ou perverso."
Pensando num equilíbrio, a trama abre espaço para momentos cômicos e musicais. Na história, que comporta várias subtramas, uma criatura alienígena chega à Terra. É um parasita do mal em busca de hospedeiros. Peter, em fase de caráter duvidoso, é seduzido pela criatura. Em cena cômica, Peter imita John Travolta em "Os Embalos de Sábado à Noite".
"Queríamos algo emocionalmente forte para refletir os conflitos pelos quais ele passa. Mas era necessário também diversão. Apesar de ele se tornar sombrio, foi preciso manter algumas características engraçadas para não perder o público", conta Maguire. "Nessa cena em que Peter dança na rua, ele continua ingênuo e nerd, apesar de achar que se tornou supercool. Mas foi difícil. Eu não sou um ator cômico."

Dupla personalidade
No filme, além do lado desconhecido de sua personalidade, Peter enfrenta mais três oponentes de moral também ambígua. Ou seja, em "Homem-Aranha 3", os vilões não são totalmente malvados.
O primeiro a bater no herói é Harry (James Franco), que se torna o novo Duende Verde. Melhor amigo de Peter nos filmes anteriores, agora ele tem superpoderes e tenta matá-lo.
"A coisa mais interessante no filme é ver o Homem-Aranha indo para esse lado. Isso o torna mais humano", diz Franco. "Fizemos cenas mais sujas, perversas, e isso foi divertido."
O segundo na fila a bater no Homem-Aranha é Flint Marko (Thomas Haden Church), ladrão que, após um acidente radioativo, se torna o Homem de Areia. Mas ele tem fins nobres.
O terceiro na fila é Eddie Brock (Topher Grace), uma espécie de versão malandra e carreirista de Peter. E ele também é possuído pela criatura alienígena e se torna o vilão Venom, uma espécie de Homem-Aranha mais poderoso.
"Claro que eu acho toda essa história muito parecida com "Star Wars" e a coisa do "lado negro da Força". É por isso que eu amo "O Império Contra-Ataca" [episódio de "SW']. No primeiro "Homem-Aranha", tudo era muito preto ou branco, bom ou mau", acredita Grace. "Neste novo, a linha é muito tênue."
Sam Raimi, o diretor, diz que o que lhe atrai não são efeitos especiais nem seres superpoderosos: "O que me interessa é contar a história da jornada de um jovem e sua evolução como ser humano. Algo que é comum para todos nós".


O jornalista BRUNO YUTAKA SAITO viajou a convite da Sony Pictures

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