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O lado negro do aranha
O protagonista Tobey Maguire conta à Folha como temperou a face sombria do herói em crise com pitadas de humor
BRUNO YUTAKA SAITO
ENVIADO ESPECIAL A TÓQUIO
Esta é uma história sobre um
sujeito bem-intencionado, com
superpoderes, mas, que, em determinado momento, deixa a
raiva e um sentimento de vingança lhe corromperem o caráter. Ele vai para o lado negro....
da Força? Quase. Não se trata
da saga de Darth Vader nem de
um episódio de "Star Wars".
Esta é a história de outra
franquia milionária, a mais
bem-sucedida da atualidade,
"Homem-Aranha", que chega
ao seu terceiro episódio, em
pré-estréia hoje. Amanhã, o filme chega ao Brasil com 690 cópias, em 840 salas, 41% de um
total de 2.045 salas no país, o
que o torna um dos maiores
lançamentos da história.
Neste episódio, Peter Parker
(Tobey Maguire), o jovem estudante e fotógrafo pé-rapado
que combate o crime em Nova
York sob o disfarce de Homem-Aranha, deixa as cores azul e
vermelho de seu uniforme para
ficar literalmente "dark".
No início do filme, Peter tem
o mundo aos seus pés. Nova
York finalmente reconhece o
valor do herói, enquanto ele está prestes a pedir Mary Jane
(Kirsten Dunst) em casamento.
A vaidade e a soberba do jovem
tímido começam a despontar.
Depois, Peter conhece a verdadeira identidade do assassino de seu tio Ben, morto no primeiro filme da série. Surge o
desejo de vingança.
Está feita a tônica deste terceiro episódio. Ele não é mais
um super-herói com o caráter
acima de qualquer suspeita.
"Sam [Raimi, diretor] e eu
nos divertimos muito desenvolvendo o lado negro de Peter
Parker, mas foi difícil achar o
tom certo", diz Tobey Maguire
à Folha. "Obviamente, tivemos
que fazer o filme para a maior
audiência possível, então não
dava para fazer algo muito pesado, sombrio ou perverso."
Pensando num equilíbrio, a
trama abre espaço para momentos cômicos e musicais. Na
história, que comporta várias
subtramas, uma criatura alienígena chega à Terra. É um parasita do mal em busca de hospedeiros. Peter, em fase de caráter duvidoso, é seduzido pela
criatura. Em cena cômica, Peter imita John Travolta em "Os
Embalos de Sábado à Noite".
"Queríamos algo emocionalmente forte para refletir os
conflitos pelos quais ele passa.
Mas era necessário também diversão. Apesar de ele se tornar
sombrio, foi preciso manter algumas características engraçadas para não perder o público",
conta Maguire. "Nessa cena em
que Peter dança na rua, ele
continua ingênuo e nerd, apesar de achar que se tornou supercool. Mas foi difícil. Eu não
sou um ator cômico."
Dupla personalidade
No filme, além do lado desconhecido de sua personalidade,
Peter enfrenta mais três oponentes de moral também ambígua. Ou seja, em "Homem-Aranha 3", os vilões não são totalmente malvados.
O primeiro a bater no herói é
Harry (James Franco), que se
torna o novo Duende Verde.
Melhor amigo de Peter nos filmes anteriores, agora ele tem
superpoderes e tenta matá-lo.
"A coisa mais interessante no
filme é ver o Homem-Aranha
indo para esse lado. Isso o torna
mais humano", diz Franco. "Fizemos cenas mais sujas, perversas, e isso foi divertido."
O segundo na fila a bater no
Homem-Aranha é Flint Marko
(Thomas Haden Church), ladrão que, após um acidente radioativo, se torna o Homem de
Areia. Mas ele tem fins nobres.
O terceiro na fila é Eddie
Brock (Topher Grace), uma espécie de versão malandra e carreirista de Peter. E ele também
é possuído pela criatura alienígena e se torna o vilão Venom,
uma espécie de Homem-Aranha mais poderoso.
"Claro que eu acho toda essa
história muito parecida com
"Star Wars" e a coisa do "lado negro da Força". É por isso que eu
amo "O Império Contra-Ataca"
[episódio de "SW']. No primeiro
"Homem-Aranha", tudo era
muito preto ou branco, bom ou
mau", acredita Grace. "Neste
novo, a linha é muito tênue."
Sam Raimi, o diretor, diz que
o que lhe atrai não são efeitos
especiais nem seres superpoderosos: "O que me interessa é
contar a história da jornada de
um jovem e sua evolução como
ser humano. Algo que é comum
para todos nós".
O jornalista BRUNO YUTAKA SAITO viajou a convite da Sony Pictures
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