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Dudu Tsuda testa ao vivo estreia solo
Músico, que chegou a integrar dez bandas ao mesmo tempo em 2009, prepara disco individual e faz temporada em SP
Novo trabalho tem quase nada em comum com o que o artista fez nos projetos coletivos e traz influências de Kraftwerk e Stereolab
MARCUS PRETO
DA REPORTAGEM LOCAL
Enfim, ele está sozinho. Figura emblemática da cena musical alternativa de São Paulo
na última década, Dudu Tsuda,
30, entra em estúdio em julho.
Não para gravar novo álbum
do Cérebro Eletrônico, do
Trash Pour 4, do Jumbo Elektro ou de qualquer outra das
inúmeras bandas (é preciso ter
ao menos três mãos para contá-las todas nos dedos) que integrou no passado recente. Desta
vez, e pela primeira, trata-se de
trabalho totalmente autoral.
No decorrer de 2008, Tsuda
fazia parte, simultaneamente,
de dez bandas. Além de Jumbo,
Cérebro e Trash, já citados, tocava no Cabaret Duar Tsu & Tie
Bireaux (com Tiê e Zé Pi), Zero
Um (com Tatá Aeroplano e
Paulo Beto), Freak Plazma
(com Paulo Beto), Elétrons
Medievais (com Tatá, Zé Pi e
Peri Pane) e como tecladista no
Pato Fu e nas bandas de Fernanda Takai e Junio Barreto.
Sem contar as colaborações
ativas com a Cia. de Dança Contemporânea Núcleo Artérias,
que estava em turnê nacional.
E outras duas complexas instalações que montou no Sesc.
"Ter muitas bandas acabou
virando o grande paradoxo da
cena musical paulistana", diz.
"Cria-se um caldeirão rico de
ebulição criativa com as múltiplas relações artísticas que isso
propicia. Mas, ao mesmo tempo, tira dos integrantes aquele
tempo romântico da dedicação
exclusiva a uma só banda."
Tsuda frisa que a maioria dos
artistas que, hoje, influenciam
a novíssima geração veio desse
esquema coletivo. De músicos
que, além de manter vários
projetos correndo simultaneamente, colaboram nos trabalhos individuais dos colegas.
Ele mesmo também pode ser
ouvido, como instrumentista,
nos discos de Tiê, Thiago Pethit, Tulipa Ruiz, Juliana Kehl e
Péricles Cavalcanti.
Rupturas
Tsuda conta que o excesso de
bandas terminou por causar
"conflitos de agendas" e "um
estresse emocional sem igual".
"Cheguei a me sentir pressionado, perseguido", conta.
"Queria tudo aquilo, amava
aquele momento, mas ele estava me sufocando, me matando
aos poucos. Ficava sem tempo
de olhar para mim, de me ver."
A reação veio no começo deste ano. Uma por uma, Tsuda foi
rompendo com todas as bandas. Ou quase. Agora, toca apenas com Jumbo e Tulipa.
O mais curioso é que a música do "Tsuda solo" tem quase
nada em comum com o que ele
fez até aqui com as bandas. Há
influências maciças de Kraftwerk e Stereolab. Ele também
cita Radiohead, Beatles, Sonic
Youth e artistas individuais como Serge Gainsbourg, David
Bowie e Itamar Assumpção.
"Sou um pouco diferente da
minha turma", diz. "Meu interesse na música engloba experiências com instalações sonoras, música contemporânea e
arte sonora. Isso se reflete nas
escolhas, nas bandas que curto
e, consequentemente, na forma
como me imagino no palco."
Se tudo correr conforme o
cronograma, o lançamento do
álbum acontece em outubro.
Mas a "obra em progresso" pode ser assistida ao vivo a partir
de quarta-feira, em temporada
de um mês no Tapas Club de
que participam Tiê, Tatá, Thalma de Freitas, Luiz Chagas,
Mayana Moura e Lulina.
A companhia dos amigos de
sempre dá força para que Tsuda possa estar, enfim, sozinho.
DUDU TSUDA
Quando: dias 5, 12, 19 e 26 de maio, às
21h
Onde: Tapas Club (r. Augusta, 1.246,
tel. 0/xx/11/3231-3705)
Quanto: R$ 10
Classificação: não informada
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