São Paulo, segunda-feira, 03 de maio de 2010

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Dudu Tsuda testa ao vivo estreia solo

Músico, que chegou a integrar dez bandas ao mesmo tempo em 2009, prepara disco individual e faz temporada em SP

Novo trabalho tem quase nada em comum com o que o artista fez nos projetos coletivos e traz influências de Kraftwerk e Stereolab

MARCUS PRETO
DA REPORTAGEM LOCAL

Enfim, ele está sozinho. Figura emblemática da cena musical alternativa de São Paulo na última década, Dudu Tsuda, 30, entra em estúdio em julho.
Não para gravar novo álbum do Cérebro Eletrônico, do Trash Pour 4, do Jumbo Elektro ou de qualquer outra das inúmeras bandas (é preciso ter ao menos três mãos para contá-las todas nos dedos) que integrou no passado recente. Desta vez, e pela primeira, trata-se de trabalho totalmente autoral.
No decorrer de 2008, Tsuda fazia parte, simultaneamente, de dez bandas. Além de Jumbo, Cérebro e Trash, já citados, tocava no Cabaret Duar Tsu & Tie Bireaux (com Tiê e Zé Pi), Zero Um (com Tatá Aeroplano e Paulo Beto), Freak Plazma (com Paulo Beto), Elétrons Medievais (com Tatá, Zé Pi e Peri Pane) e como tecladista no Pato Fu e nas bandas de Fernanda Takai e Junio Barreto.
Sem contar as colaborações ativas com a Cia. de Dança Contemporânea Núcleo Artérias, que estava em turnê nacional. E outras duas complexas instalações que montou no Sesc.
"Ter muitas bandas acabou virando o grande paradoxo da cena musical paulistana", diz.
"Cria-se um caldeirão rico de ebulição criativa com as múltiplas relações artísticas que isso propicia. Mas, ao mesmo tempo, tira dos integrantes aquele tempo romântico da dedicação exclusiva a uma só banda."
Tsuda frisa que a maioria dos artistas que, hoje, influenciam a novíssima geração veio desse esquema coletivo. De músicos que, além de manter vários projetos correndo simultaneamente, colaboram nos trabalhos individuais dos colegas.
Ele mesmo também pode ser ouvido, como instrumentista, nos discos de Tiê, Thiago Pethit, Tulipa Ruiz, Juliana Kehl e Péricles Cavalcanti.

Rupturas
Tsuda conta que o excesso de bandas terminou por causar "conflitos de agendas" e "um estresse emocional sem igual".
"Cheguei a me sentir pressionado, perseguido", conta. "Queria tudo aquilo, amava aquele momento, mas ele estava me sufocando, me matando aos poucos. Ficava sem tempo de olhar para mim, de me ver."
A reação veio no começo deste ano. Uma por uma, Tsuda foi rompendo com todas as bandas. Ou quase. Agora, toca apenas com Jumbo e Tulipa.
O mais curioso é que a música do "Tsuda solo" tem quase nada em comum com o que ele fez até aqui com as bandas. Há influências maciças de Kraftwerk e Stereolab. Ele também cita Radiohead, Beatles, Sonic Youth e artistas individuais como Serge Gainsbourg, David Bowie e Itamar Assumpção.
"Sou um pouco diferente da minha turma", diz. "Meu interesse na música engloba experiências com instalações sonoras, música contemporânea e arte sonora. Isso se reflete nas escolhas, nas bandas que curto e, consequentemente, na forma como me imagino no palco."
Se tudo correr conforme o cronograma, o lançamento do álbum acontece em outubro. Mas a "obra em progresso" pode ser assistida ao vivo a partir de quarta-feira, em temporada de um mês no Tapas Club de que participam Tiê, Tatá, Thalma de Freitas, Luiz Chagas, Mayana Moura e Lulina.
A companhia dos amigos de sempre dá força para que Tsuda possa estar, enfim, sozinho.


DUDU TSUDA

Quando: dias 5, 12, 19 e 26 de maio, às 21h
Onde: Tapas Club (r. Augusta, 1.246, tel. 0/xx/11/3231-3705)
Quanto: R$ 10
Classificação: não informada




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