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Comentário
Sem pose de mau e com bom humor, artista é a cara da nova cena de SP
NINA LEMOS
COLUNISTA DA FOLHA
Com suas roupas de brechó e
os cabelos compridos batendo
na cintura, Dudu Tsuda é a cara
da nova cena de música popular
brasileira que fervilha em São
Paulo. Mais que isso, ele é também a cara de uma nova geração de músicos que não precisa
fazer pose de mau ou provar
masculinidade para subir em
um palco.
Muito pelo contrário. Dudu
fala pouco em seus shows. E
com voz mansa. Explica uma
música dizendo que foi "entender melhor o processo depois
na análise". Homem que faz
análise e assume no palco? Pois
é. Prova dos novos tempos.
As garotas têm vez nessa nova cena, não só no papel de
groupies. E podem, sim, dividir
o espaço com os caras. Dudu,
por exemplo, chamou a namorada, Liliana Morais, para tocar
em sua banda.
Foi-se o tempo em que homem "do rock" tinha que ostentar coturno. Dudu Tsuda é
um homem que usa broche. E
que é capaz de tocar vestindo
quimono, se assim estiver com
vontade, sem achar que isso vai
afetar a sua sexualidade. Sim,
os modelitos de Dudu são também atração em suas apresentações. Por que não?
O personagem da noite paulistana tem outras idiossincrasias. Em seu trabalho solo, Dudu é um músico sério, daqueles
que comentam com a plateia
coisas que os espectadores
"normais" não são capazes de
entender, do estilo: "Deu para
perceber o dó?". Só que o "cabecismo" é dito por um cara que
não se leva tão a sério, pois pode estar usando fantasia de coelho combinando com sandálias
Croc. Dá para ser cabeça sem
perder o humor. E dá para usar
vestido e ser homem. Essa geração já sabe disso.
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