São Paulo, segunda-feira, 03 de maio de 2010

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Comentário

Sem pose de mau e com bom humor, artista é a cara da nova cena de SP

NINA LEMOS
COLUNISTA DA FOLHA

Com suas roupas de brechó e os cabelos compridos batendo na cintura, Dudu Tsuda é a cara da nova cena de música popular brasileira que fervilha em São Paulo. Mais que isso, ele é também a cara de uma nova geração de músicos que não precisa fazer pose de mau ou provar masculinidade para subir em um palco.
Muito pelo contrário. Dudu fala pouco em seus shows. E com voz mansa. Explica uma música dizendo que foi "entender melhor o processo depois na análise". Homem que faz análise e assume no palco? Pois é. Prova dos novos tempos.
As garotas têm vez nessa nova cena, não só no papel de groupies. E podem, sim, dividir o espaço com os caras. Dudu, por exemplo, chamou a namorada, Liliana Morais, para tocar em sua banda.
Foi-se o tempo em que homem "do rock" tinha que ostentar coturno. Dudu Tsuda é um homem que usa broche. E que é capaz de tocar vestindo quimono, se assim estiver com vontade, sem achar que isso vai afetar a sua sexualidade. Sim, os modelitos de Dudu são também atração em suas apresentações. Por que não?
O personagem da noite paulistana tem outras idiossincrasias. Em seu trabalho solo, Dudu é um músico sério, daqueles que comentam com a plateia coisas que os espectadores "normais" não são capazes de entender, do estilo: "Deu para perceber o dó?". Só que o "cabecismo" é dito por um cara que não se leva tão a sério, pois pode estar usando fantasia de coelho combinando com sandálias Croc. Dá para ser cabeça sem perder o humor. E dá para usar vestido e ser homem. Essa geração já sabe disso.


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