MARCELO MANSFIELD
ESPECIAL PARA A FOLHA

Buster Keaton não foi apenas um comediante. Foi um gênio criador, que -de cima de seu 1,65 m, com seu rosto de pedra e aquele olhar melancólico de quem de nada sabe- tirou o cinema de um amontoado de gags anárquicas e o levou a uma aula de fazer comédia... Não se pode ver Jacques Tati ou Renato Aragão sem pensar que ali por trás está Buster Keaton.
Sua comédia se adaptava tão bem ao cinema mudo que, com o advento do cinema sonoro, tudo foi por água abaixo. Tivesse tido antes a idéia, voltando a falar de anarquia cômica, de um Harpo Marx, teria sobrevivido aos "talking pictures" sem abrir a boca. Não foi o caso.
Os anos 50 tentaram lhe salvar do anonimato por meio de um filme biográfico, com Donald O'Connor e pequenas participações em clássicos como "Crepúsculo dos Deuses".
Nos anos 60, finalmente, o mundo redescobriu sua genialidade. No Canadá, fez um filme "The Railholder", no qual atravessa o país num carreto de estrada de ferro, sem dúvida uma referência a seu grande sucesso, "A General", e se tornou convidado favorito em novos clássicos, como sua famosa pontinha em "Deu a Louca no Mundo". São poucos segundos, mas valem pelo filme inteiro.
Apesar de sua carreira ter descarrilhado com a vinda do som, mesmo assim ainda teve fôlego suficiente para duas estrelas na calçada da fama, uma por cinema e outra por seu trabalho na TV, e em 1960 ganhou um prêmio honorário por sua incrível colaboração com a arte cinematográfica.
Agora vamos falar de sacanagem: Buster Keaton foi casado três vezes, a primeira com a estrela Natalie Talmage, das famosas irmãs que dominaram o cinema mudo. Dizem que sua terceira esposa era uma garota de programa, mas, pela idade dele, estava mais para enfermeira...
Mas vamos parar com a coluna de fofocas e assistir ao velho Buster num dos filmes que já estão por aí em DVD.
Imperdível.