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TERCEIRO LUGAR
Lewis faz rir com suas caretas e trejeitos
ROSANA HERMANN
ESPECIAL PARA A FOLHA
Se você gosta de Jerry Lewis ou se você tem algum
interesse em humor (e
uma boa banda larga), não deixe de ver a entrevista desse genial comediante com James
Lipton, no "Inside Actor's Studio". A versão do programa que
vi no YouTube está fatiada em
seis finos pedaços com legendas em italiano, uma mão na
roda caso você precise de ajuda.
A entrevista cobre vida e obra
de Lewis, mostra cenas antológicas de sua longa e bem-sucedida carreira e revela com precisão a matéria-prima de que é
feito seu incomparável talento.
Assisti à entrevista com atenção, interesse e admiração e,
em várias ocasiões, me vi chorando. Não fui a única. Na parte
final, é possível ver lágrimas já
roladas registradas em vídeo.
Mas vamos passar o lencinho. O assunto é humor.
O humor pode ter muitas técnicas e vertentes, mas só existe
um tipo de humor: o engraçado.
O que faz rir. E isso Jerry faz como ninguém, desde o início de
sua carreira. Não é à toa que um
de seus maiores sucessos na TV
americana dos anos 50 tenha
sido o "The Colgate Comedy
Hour", patrocinado pelo famoso dentifrício. Basta ver para
mostrar os dentes.
Jerry é fisicamente engraçado. Em incontáveis seqüências
com o seu melhor parceiro de
todos os tempos, Dean Martin,
Jerry é capaz de arrancar gargalhadas apenas com seus movimentos, trejeitos e caretas.
Seu corpo é uma máquina a serviço de seu cérebro cômico.
O próprio Jerry revela a Lipton que, embora seja clinicamente possível aprender a ser
humorista, o talento para o humor já nasce nos ossos.
O humorista naturalmente
engraçado, dotado da chamada
veia cômica, sente uma necessidade vital de fazer os outros
rirem. Em suas palavras, "precisa da gargalhada do outro como o pulmão precisa de ar".
Mas Jerry não é só um comediante. É dançarino, produtor,
diretor, roteirista, coreógrafo,
filósofo. Ou, numa palavra desgastada na nossa língua, um artista. Esse artista, que improvisou seqüências incríveis na história do cinema, ensina que a
situação mais básica para fazer
graça é a do "homem com problemas". Todos gostam de rir
de alguém em má situação e
acompanhar seus esforços para
tentar sair do problema.
Há 81 anos esse vigoroso menino, filho de judeus ortodoxos,
nos faz rir. Mas, quando lembramos que ele criou a Associação da Distrofia Muscular, que
promove o Teleton para arrecadar fundos para pesquisas
contra a doença que ele próprio
contraiu e superou, dá até vontade de chorar. E aplaudir.
ROSANA HERMANN é redatora do programa
"Pânico" e blogueira (queridoleitor.zip.net)
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