São Paulo, domingo, 03 de junho de 2007

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"YouTube nacional" levará os melhores vídeos à televisão

Canal Fiz TV estréia no dia 30 de julho com programação produzida pelos internautas do site www.fiztv.com.br

Usuários da net também irão eleger o que deverá ser veiculado na TV; conteúdo ilegal, como apologia ao uso de drogas, será vetado

LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

"Era uma vez a mídia velha, em tempo de espectador pacífico." Segue por aí a propaganda do Fiz TV, site e canal de televisão que estréiam em julho.
O projeto, apelidado de "YouTube brasileiro" em referência ao famoso site de vídeos, funciona assim: qualquer pessoa com uma idéia na cabeça e uma câmera (que pode até ser do celular) na mão grava sua "obra" e coloca no site (www.fiztv.com.br, que já está no ar, em fase de teste).
Uma eleição entre os próprios internautas seleciona os que devem ser veiculados na televisão. A programação do canal Fiz TV será uma seqüência desses melhores vídeos, organizados por faixas temáticas, como Fiz Clipe, Fiz Notícia, Fiz Humor, Fiz Animação etc.
Não haverá apresentadores, a não ser um VJ com programa semanal a respeito dos vídeos recentes mais interessantes.
O Fiz TV, que entra no ar em 30 de julho (o site estréia no dia 1º), marca a volta da Abril à produção de televisão. Em setembro, a editora lança também o Ideal, sobre mercado de trabalho (leia ao lado), e há a previsão de mais dois canais para 2008 e um para 2009.
O responsável pela nova divisão de TV do grupo é André Mantovani, que atuou até março como diretor-geral da MTV Brasil, da qual a Abril é sócia.
Segundo ele, o Fiz TV "é mais que o YouTube, porque é um canal de televisão, e menos que o YouTube, porque está só no Brasil". "Nosso objetivo é usar a TV para dar visibilidade a essa produção da internet e organizá-la de modo a ficar interessante para o telespectador."
Mantovani alerta que nem tudo o que chegar pela internet poderá ser exibido na TV (veja quadro). "A TV tem restrições mais sérias do que a internet."
A seleção será feita por um "colegiado", com representantes de universidades, como USP e Unicamp. "Não pode entrar nada ilegal, nem aquilo que utiliza imagens de terceiros."
Segundo Mantovani, seria vetado, por exemplo, o "Tapa na Pantera", vídeo cômico que ficou famoso no YouTube. Nele, a atriz Maria Alice Vergueiro faz papel de uma senhora sob efeito da maconha. "É apologia ao uso de drogas", diz.
Mas seria aprovado o "Vai Tomar no C...", sucesso recente do mesmo site, em que a atriz Cris Nicolotti interpreta uma música que tem praticamente só o "belo" verso do título.
Também não vale cena gravada das redes de TV. "Além de ser ilegal, a pessoa não estaria produzindo, mas sim aproveitando produção alheia."
E o famoso vídeo que mostra Daniella Cicarelli na praia com o namorado? "Esse sim. O cara que filmou produziu aquilo. Mas só seria exibido antes da liminar [obtida pela modelo, que vetou a veiculação]."
Pornografia vale? "Não. Digamos que poderia haver a faixa de vídeos Fiz Sexo, mas não uma Fiz Sacanagem", diz, bem-humorado, Mantovani.
O Fiz TV também fechou acordo com a USP, para veicular obras de alunos, com a ABD (Associação Brasileira de Documentaristas) e com o Instituto Criar, dirigido por Luciano Huck, que ensina jovens da periferia a trabalhar com produção de televisão e cinema.
Quem tiver seu vídeo exibido pela televisão receberá uma remuneração. "Não é um valor que deixará ninguém rico, mas o objetivo é estimular a produção audiovisual brasileira."
Como qualquer canal, o Fiz terá intervalos comerciais.

Novos canais
A associação da Abril com a Telefônica deu gás ao projeto de novos canais de televisão. O grupo Abril foi pioneiro da TV paga no Brasil, com o lançamento da TVA, em 1991.
Além de funcionar como operadora de TV por assinatura (como é até hoje), a empresa no início criou canais próprios, como TVA Esportes, que se tornou a ESPN Brasil. Com a retração do mercado, optou por apenas distribuir canais.
O Fiz TV será veiculado pela TVA e pela Telefônica, mas o objetivo da Abril é fechar contrato com outras operadoras.


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