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"YouTube nacional" levará os melhores vídeos à televisão
Canal Fiz TV estréia no dia 30 de julho com programação produzida pelos internautas do site www.fiztv.com.br
Usuários da net também irão eleger o que deverá ser veiculado na TV; conteúdo ilegal, como apologia ao
uso de drogas, será vetado
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
"Era uma vez a mídia velha,
em tempo de espectador pacífico." Segue por aí a propaganda
do Fiz TV, site e canal de televisão que estréiam em julho.
O projeto, apelidado de
"YouTube brasileiro" em referência ao famoso site de vídeos,
funciona assim: qualquer pessoa com uma idéia na cabeça e
uma câmera (que pode até ser
do celular) na mão grava sua
"obra" e coloca no site
(www.fiztv.com.br, que já está no ar, em fase de teste).
Uma eleição entre os próprios internautas seleciona os
que devem ser veiculados na
televisão. A programação do
canal Fiz TV será uma seqüência desses melhores vídeos, organizados por faixas temáticas,
como Fiz Clipe, Fiz Notícia, Fiz
Humor, Fiz Animação etc.
Não haverá apresentadores,
a não ser um VJ com programa
semanal a respeito dos vídeos
recentes mais interessantes.
O Fiz TV, que entra no ar em
30 de julho (o site estréia no dia
1º), marca a volta da Abril à
produção de televisão. Em setembro, a editora lança também o Ideal, sobre mercado de
trabalho (leia ao lado), e há a
previsão de mais dois canais
para 2008 e um para 2009.
O responsável pela nova divisão de TV do grupo é André
Mantovani, que atuou até março como diretor-geral da MTV
Brasil, da qual a Abril é sócia.
Segundo ele, o Fiz TV "é mais
que o YouTube, porque é um
canal de televisão, e menos que
o YouTube, porque está só no
Brasil". "Nosso objetivo é usar
a TV para dar visibilidade a essa produção da internet e organizá-la de modo a ficar interessante para o telespectador."
Mantovani alerta que nem
tudo o que chegar pela internet
poderá ser exibido na TV (veja
quadro). "A TV tem restrições
mais sérias do que a internet."
A seleção será feita por um
"colegiado", com representantes de universidades, como
USP e Unicamp. "Não pode entrar nada ilegal, nem aquilo que
utiliza imagens de terceiros."
Segundo Mantovani, seria
vetado, por exemplo, o "Tapa
na Pantera", vídeo cômico que
ficou famoso no YouTube. Nele, a atriz Maria Alice Vergueiro faz papel de uma senhora
sob efeito da maconha. "É apologia ao uso de drogas", diz.
Mas seria aprovado o "Vai
Tomar no C...", sucesso recente
do mesmo site, em que a atriz
Cris Nicolotti interpreta uma
música que tem praticamente
só o "belo" verso do título.
Também não vale cena gravada das redes de TV. "Além de
ser ilegal, a pessoa não estaria
produzindo, mas sim aproveitando produção alheia."
E o famoso vídeo que mostra
Daniella Cicarelli na praia com
o namorado? "Esse sim. O cara
que filmou produziu aquilo.
Mas só seria exibido antes da liminar [obtida pela modelo, que
vetou a veiculação]."
Pornografia vale? "Não. Digamos que poderia haver a faixa de vídeos Fiz Sexo, mas não
uma Fiz Sacanagem", diz, bem-humorado, Mantovani.
O Fiz TV também fechou
acordo com a USP, para veicular obras de alunos, com a ABD
(Associação Brasileira de Documentaristas) e com o Instituto Criar, dirigido por Luciano Huck, que ensina jovens da
periferia a trabalhar com produção de televisão e cinema.
Quem tiver seu vídeo exibido
pela televisão receberá uma remuneração. "Não é um valor
que deixará ninguém rico, mas
o objetivo é estimular a produção audiovisual brasileira."
Como qualquer canal, o Fiz
terá intervalos comerciais.
Novos canais
A associação da Abril com a
Telefônica deu gás ao projeto
de novos canais de televisão. O
grupo Abril foi pioneiro da TV
paga no Brasil, com o lançamento da TVA, em 1991.
Além de funcionar como
operadora de TV por assinatura (como é até hoje), a empresa
no início criou canais próprios,
como TVA Esportes, que se tornou a ESPN Brasil. Com a retração do mercado, optou por
apenas distribuir canais.
O Fiz TV será veiculado pela
TVA e pela Telefônica, mas o
objetivo da Abril é fechar contrato com outras operadoras.
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