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Penderecki mostra sua faceta acessível em SP
Compositor se apresenta com orquestra hoje e amanhã no Cultura Artística
Conhecido por suas obras experimentais e difíceis, polonês rege composições mais palatáveis com a Vilnius Festival Orchestra
IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A música dele tem várias faces -e, desta vez, ele mostra a
mais comportada delas. Velho
conhecido do público brasileiro, o compositor polonês
Krzysztof Penderecki (pronuncia-se "penderétsqui") apresenta-se hoje e amanhã no Cultura Artística, à frente da Vilnius Festival Orchestra, com
ingressos esgotados.
Nascido em 1933, Penderecki
estourou mundialmente nos
anos 60, ao empregar, de forma
agressiva e emocional, sonoridades "ásperas", como "clusters" (blocos de notas adjacentes tocadas simultaneamente),
novos efeitos para os instrumentos de cordas e uma escrita
"selvagem" para a percussão.
Aparecendo em obras orquestrais como a "Trenodia para as Vítimas de Hiroxima"
(1960), os recursos de Penderecki causaram furor em peças
vocais de grande impacto, como a "Paixão Segundo São Lucas" (1966) e a ópera baseada
em Aldous Huxley "Os Demônios de Loudun" (1968), que
soavam como alternativas não-passadistas ao excessivo cerebralismo das vanguardas da
época. A partir dos anos 80,
contudo, o compositor optou
por um idioma mais acessível,
fazendo alguns comentadores
identificarem um retorno à tonalidade em obras como a "Sinfonietta para Cordas", presente
nos dois dias da apresentação.
"Trata-se de uma transcrição
do meu "Trio para Cordas", de
1991", diz o compositor. "É uma
peça que demanda grande técnica da orquestra."
Sua última vinda a São Paulo
aconteceu em 2004, quando ele
regeu a Osesp em uma execução memorável de seu "acessível", porém complexo, "Réquiem Polonês". Dois anos
mais tarde, no Rio, à frente da
Orquestra Petrobras Sinfônica,
ele mostrou peças de ambas as
fases: a dissonante "Polymorphia" (1960) e a chostakovitchiana "Sinfonia nº 2" (1980).
Tendo estreado, em Bremen (Alemanha), no mês
passado, um
concerto para
trompa e orquestra, o compositor agora se
dedica a obras
para formações
menores. "A cada sete anos, tiro uma espécie
de sabático,
deixando de lado as obras sinfônicas e me
concentrando
na música de
câmara."
Além da composição, Penderecki dedica metade do seu
tempo à regência. "Em 2008,
serão 60 concertos, o que não é
pouco. Faço isso para ajudar
minha música, porque sempre
incluo uma peça minha no programa. E porque é importante
para um compositor estar em
contato constante com a música ao vivo."
Criada na Lituânia, em 2003,
sob os auspícios de um dos
maiores violistas da atualidade,
o russo Yuri Bashmet, a orquestra já se apresentou várias
vezes sob a batuta de Krzysztof
Penderecki.
Sua apresentação de hoje
traz duas peças bastante tradicionais do repertório de orquestra de cordas: a "Sinfonia
de Câmera Op. 110" (transcrição feita por Rudolf Barshai do
intenso "Quarteto nº
8"), de Chostakovitch,
e a "Serenata para
Cordas", de Dvorák.
Amanhã tem mais
Penderecki (a "Chaconne") e duas obras
extremamente palatáveis, o "Divertimento
KV. 137", de Mozart, e
"Souvenir de Florence", de Tchaikovski.
KRZYSZTOF PENDERECKI
Quando: hoje e amanhã,
às 21h (esgotados)
Onde: Cultura Artística
(r. Nestor Pestana, 196,
tel. 0/xx/11/3258-3344; livre)
Quanto: R$ 70 a R$ 150
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