São Paulo, terça-feira, 03 de junho de 2008

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Penderecki mostra sua faceta acessível em SP

Compositor se apresenta com orquestra hoje e amanhã no Cultura Artística

Conhecido por suas obras experimentais e difíceis, polonês rege composições mais palatáveis com a Vilnius Festival Orchestra

IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A música dele tem várias faces -e, desta vez, ele mostra a mais comportada delas. Velho conhecido do público brasileiro, o compositor polonês Krzysztof Penderecki (pronuncia-se "penderétsqui") apresenta-se hoje e amanhã no Cultura Artística, à frente da Vilnius Festival Orchestra, com ingressos esgotados.
Nascido em 1933, Penderecki estourou mundialmente nos anos 60, ao empregar, de forma agressiva e emocional, sonoridades "ásperas", como "clusters" (blocos de notas adjacentes tocadas simultaneamente), novos efeitos para os instrumentos de cordas e uma escrita "selvagem" para a percussão.
Aparecendo em obras orquestrais como a "Trenodia para as Vítimas de Hiroxima" (1960), os recursos de Penderecki causaram furor em peças vocais de grande impacto, como a "Paixão Segundo São Lucas" (1966) e a ópera baseada em Aldous Huxley "Os Demônios de Loudun" (1968), que soavam como alternativas não-passadistas ao excessivo cerebralismo das vanguardas da época. A partir dos anos 80, contudo, o compositor optou por um idioma mais acessível, fazendo alguns comentadores identificarem um retorno à tonalidade em obras como a "Sinfonietta para Cordas", presente nos dois dias da apresentação.
"Trata-se de uma transcrição do meu "Trio para Cordas", de 1991", diz o compositor. "É uma peça que demanda grande técnica da orquestra."
Sua última vinda a São Paulo aconteceu em 2004, quando ele regeu a Osesp em uma execução memorável de seu "acessível", porém complexo, "Réquiem Polonês". Dois anos mais tarde, no Rio, à frente da Orquestra Petrobras Sinfônica, ele mostrou peças de ambas as fases: a dissonante "Polymorphia" (1960) e a chostakovitchiana "Sinfonia nº 2" (1980).
Tendo estreado, em Bremen (Alemanha), no mês passado, um concerto para trompa e orquestra, o compositor agora se dedica a obras para formações menores. "A cada sete anos, tiro uma espécie de sabático, deixando de lado as obras sinfônicas e me concentrando na música de câmara."
Além da composição, Penderecki dedica metade do seu tempo à regência. "Em 2008, serão 60 concertos, o que não é pouco. Faço isso para ajudar minha música, porque sempre incluo uma peça minha no programa. E porque é importante para um compositor estar em contato constante com a música ao vivo."
Criada na Lituânia, em 2003, sob os auspícios de um dos maiores violistas da atualidade, o russo Yuri Bashmet, a orquestra já se apresentou várias vezes sob a batuta de Krzysztof Penderecki.
Sua apresentação de hoje traz duas peças bastante tradicionais do repertório de orquestra de cordas: a "Sinfonia de Câmera Op. 110" (transcrição feita por Rudolf Barshai do intenso "Quarteto nº 8"), de Chostakovitch, e a "Serenata para Cordas", de Dvorák.
Amanhã tem mais Penderecki (a "Chaconne") e duas obras extremamente palatáveis, o "Divertimento KV. 137", de Mozart, e "Souvenir de Florence", de Tchaikovski.


KRZYSZTOF PENDERECKI
Quando:
hoje e amanhã, às 21h (esgotados)
Onde: Cultura Artística (r. Nestor Pestana, 196, tel. 0/xx/11/3258-3344; livre)
Quanto: R$ 70 a R$ 150


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