São Paulo, quarta-feira, 03 de junho de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Cantor escreve coletânea de causos

Cantor afirma que passa as madrugadas acordado tentando contar histórias da própria vida, que terminam em piadas

Artista deu adeus ao futebol e lamenta envelhecer, mas diz que, diante de uma menina de 18 anos, teria 18 anos também


DO ENVIADO AO RIO

Erasmo Carlos vive à noite. Não vai para a cama antes que o relógio da sala bata às 4h. No andar térreo de sua casa na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, mantém um aquário de água salgada, um bar sempre abastecido, um bom equipamento de som e um sofá.
Nas paredes, fotos originais emolduradas das capas de alguns de seus álbuns. E muitos discos de ouro, aqueles que, tempos atrás, equivaliam a 100 mil LPs vendidos, principalmente por suas participações como compositor nos trabalhos gravados por Roberto.
No silêncio das madrugadas, escreve seu primeiro livro. Não considera uma biografia, mas uma coletânea de causos.
Histórias que envolvem sua família e amigos próximos. Não todos, diz, apenas os mais engraçados. Roberto, Wanderléa, Milton Nascimento, Caetano Veloso.
"O mais importante não sou eu nem qualquer outro personagem, mas a piada do final. Todos os contos terminam com uma piada", diz. "Enquanto ela não chega, vou contando coisas da minha vida."
Comparando o ofício de compositor ao de escritor, vê vantagens no segundo. A maior delas é poder falar todos os palavrões que usa no dia a dia e, por questões estéticas, nunca coloca nos versos das canções.
"Na cama com uma mulher você xinga e é xingado. Essa realidade não pode ser transportada para a música", diz o cantor. "Quem faz versos encontra barreiras. Fico eternamente no limite entre a baixaria e a poesia."
Erasmo está solteiro. Adora futebol, mas problemas de coluna deram fim às peladas do fim de semana. Reclama que, com o passar dos anos, seu corpo o vem proibindo de realizar algumas de suas vontades.
"Na parte interna, sou um menino com a idade que eu quiser. Tenho todas", diz. "Se chegar uma menina de 18 anos aqui, eu tenho 18 anos também. Mas, por fora..." Segundo ele, essa é a parte mais difícil de envelhecer.
Mas nada em sua voz denota tristeza. Acendendo um cigarro após o outro, ele parece gostar de dar entrevistas. "Dou umas respostas que você tem que prestar atenção para ver se estou falando certo. Porque às vezes eu dou umas viajadas..." (MARCUS PRETO)


Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: Crítica: Músico arranca tristeza de seus novos parceiros
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.