São Paulo, quinta-feira, 03 de junho de 2010

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Geraldo Cavalcanti é novo membro da ABL

Diplomata pernambucano foi eleito ontem no Rio e vai ocupar vaga de José Mindlin

AUDREY FURLANETO
DO RIO

Diplomata, ensaísta, poeta e tradutor, o pernambucano Geraldo Holanda Cavalcanti, 81, foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras ontem à tarde no Rio.
Recebeu 20 dos 39 votos e vai ocupar a cadeira 29, vaga desde a morte do bibliófilo José Mindlin, em fevereiro.
A cadeira era disputada pelo ministro Eros Grau, pelo presidente da Biblioteca Nacional, Muniz Sodré, e pelo sambista Martinho da Vila, que não teve votos.
Cavalcanti tentou uma vaga há quatro anos, mas retirou a candidatura porque "tinha amigos concorrendo", sem dizer quem era.
"É um momento muito feliz. A academia tem um papel muito importante a realizar. É um órgão dedicado à defesa da língua e da literatura, e eu sempre procurei valorizá-la e cultuá-la", disse.
Cavalcanti fez campanha "discreta". Já Eros Grau teria sido mais "incisivo" na busca pela vaga. Martinho da Vila, por sua vez, manteve-se distante da disputa, o que, para Ana Maria Machado, explica a ausência de votos.
"Martinho é um nome respeitável da música, mas escolheu não fazer campanha acreditando que os votos viriam automaticamente. Não é bem assim", disse a imortal. Para ela, Cavalcanti é uma "ótima incorporação" para a academia.
"Pode não ser muito conhecido do grande público, mas é um intelectual de mão cheia", afirmou.

PRÊMIOS
Diplomata por quatro décadas, Cavalcanti será o quinto ex-embaixador entre os 40 imortais. Ele atuou em cidades como Genebra, Moscou e Washington.
Seu primeiro livro é "O Mandiocal de Verdes Mãos" (1964). O editor da obra, o escritor e ex-ministro Eduardo Portella, faz parte da ABL. Os dois se conheceram na Faculdade de Direito no Recife, nos anos 1950.
"Ele tinha o violino de um lado e o código do outro", lembrou Portella. Para o imortal Ivan Junqueira, ele é "um dos memorialistas mais firmes do Brasil".
Cavalcanti recebeu o prêmio Fernando Pessoa, da União Brasileira de Escritores, por "Poesia Reunida" (1998). Em 2007, lançou o primeiro livro de ficção, "Encontro em Ouro Preto", finalista do Prêmio Jabuti 2008 na categoria Melhor Livro de Contos e Crônicas.
Foi premiado pela própria ABL em 2006 por "O Cântico dos Cânticos: um Ensaio de Interpretação Através de Suas Traduções". Sua obra mais recente é o livro de memórias "As Desventuras da Graça" (2010).


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