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Geraldo Cavalcanti é novo membro da ABL
Diplomata pernambucano foi eleito ontem no Rio e vai ocupar vaga de José Mindlin
AUDREY FURLANETO
DO RIO
Diplomata, ensaísta, poeta e tradutor, o pernambucano Geraldo Holanda Cavalcanti, 81, foi eleito membro
da Academia Brasileira de
Letras ontem à tarde no Rio.
Recebeu 20 dos 39 votos e
vai ocupar a cadeira 29, vaga
desde a morte do bibliófilo
José Mindlin, em fevereiro.
A cadeira era disputada
pelo ministro Eros Grau, pelo
presidente da Biblioteca Nacional, Muniz Sodré, e pelo
sambista Martinho da Vila,
que não teve votos.
Cavalcanti tentou uma vaga há quatro anos, mas retirou a candidatura porque "tinha amigos concorrendo",
sem dizer quem era.
"É um momento muito feliz. A academia tem um papel
muito importante a realizar.
É um órgão dedicado à defesa da língua e da literatura, e
eu sempre procurei valorizá-la e cultuá-la", disse.
Cavalcanti fez campanha
"discreta". Já Eros Grau teria
sido mais "incisivo" na busca pela vaga. Martinho da Vila, por sua vez, manteve-se
distante da disputa, o que,
para Ana Maria Machado, explica a ausência de votos.
"Martinho é um nome respeitável da música, mas escolheu não fazer campanha
acreditando que os votos viriam automaticamente. Não
é bem assim", disse a imortal. Para ela, Cavalcanti é
uma "ótima incorporação"
para a academia.
"Pode não ser muito conhecido do grande público,
mas é um intelectual de mão
cheia", afirmou.
PRÊMIOS
Diplomata por quatro décadas, Cavalcanti será o
quinto ex-embaixador entre
os 40 imortais. Ele atuou em
cidades como Genebra, Moscou e Washington.
Seu primeiro livro é "O
Mandiocal de Verdes Mãos"
(1964). O editor da obra, o escritor e ex-ministro Eduardo
Portella, faz parte da ABL. Os
dois se conheceram na Faculdade de Direito no Recife,
nos anos 1950.
"Ele tinha o violino de um
lado e o código do outro",
lembrou Portella. Para o
imortal Ivan Junqueira, ele é
"um dos memorialistas mais
firmes do Brasil".
Cavalcanti recebeu o prêmio Fernando Pessoa, da
União Brasileira de Escritores, por "Poesia Reunida"
(1998). Em 2007, lançou o
primeiro livro de ficção, "Encontro em Ouro Preto", finalista do Prêmio Jabuti 2008
na categoria Melhor Livro de
Contos e Crônicas.
Foi premiado pela própria
ABL em 2006 por "O Cântico
dos Cânticos: um Ensaio de
Interpretação Através de
Suas Traduções". Sua obra
mais recente é o livro de memórias "As Desventuras da
Graça" (2010).
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