São Paulo, sexta-feira, 03 de junho de 2011 |
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Biógrafo processa a produção do musical "Fela!" Espetáculo da Broadway, inspirado na biografia do artista nigeriano, deve ganhar adaptação no cinema Carlos Moore, autor do livro, foi autorizado por Fela a escrever apenas depois da morte da mãe dele, durante fase difícil COLABORAÇÃO PARA A FOLHA Desde o fim do ano passado, Carlos Moore está processando a produção do musical "Fela!" por incorporar elementos-chave de seu livro, além de diálogos. Com investimento do rapper Jay-Z, a peça levou três prêmios Tony em 2010, o Oscar do teatro nos EUA. Teve passagens bem-sucedidas pela Broadway, por Londres e pela própria Nigéria. Agora, fala-se em adaptação para o cinema. Moore reivindica crédito a sua biografia, já que o processo, de tão íntimo, é autoral em diversos aspectos. "Ele me autorizou a escrever em primeira pessoa", lembra o autor, em entrevista à Folha, em São Paulo. "Eu disse a ele: "Eu te conheço bem. Posso falar como tu. Integrar as tuas palavras e contar esta história"." Daí que nomes, entidades, situações e palavras do livro são de Moore sobre Fela. "Nossa relação era política e fraterna", explica. "Era muito forte, havia realmente um amor muito grande. Especialmente porque ele estava sempre ameaçado, e eu tinha esse temor de que ele fosse morto." Moore conta que, desde o início, disse a Fela que era preciso colocar as coisas que dizia em um livro. "Mas ele respondia que isso estava errado", revela. "Ele dizia: "Isso está nas minhas canções, está indo da minha boca para a orelha do povo, e o povo está entendendo"." Segundo Moore, para Fela, livros era "coisa de branco. Nossa cultura africana é oral." PRONTO PARA ESCREVER Foi alguns anos depois, numa fase complicada da vida de Fela -que havia perdido a mãe e estava contemplando o suicídio-, que o músico procurou Moore para que viesse "imediatamente" e pronto para escrever. Durante semanas, Moore ouviu Fela falar sobre tudo: ideias, visões políticas, confissões pessoais, idiossincrasias e "insights". O livro registra esse furacão de pensamentos, de ideias ora brilhantes, ora equivocadas, um fluxo de consciência de um artista que não parava de criar e que impunha como poucos sua música e verve política. (RONALDO EVANGELISTA) Texto Anterior: Afro Bio Próximo Texto: Raio-X: Fela Kuti Índice | Comunicar Erros |
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