São Paulo, Quinta-feira, 03 de Junho de 1999
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DESCOBRIMENTO
Associação assinou anteontem, em Lisboa, compromisso para trazer original para exposição de arte em 2000
Brasil 500 Anos vai expor carta de Caminha

Reprodução
Detalhe da tela "Leitura da Carta de Caminha", de Aurélio de Figueiredo, da Biblioteca Municipal de São Paulo


CELSO FIORAVANTE
da Reportagem Local

A Associação Brasil 500 Anos Artes Visuais, entidade ligada à Fundação Bienal, assinou anteontem, em Lisboa, o protocolo para a guarda e exibição da carta original de Pero Vaz de Caminha, primeiro relato existente sobre o Descobrimento do Brasil.
O protocolo foi assinado entre Edemar Cid Ferreira, presidente da entidade, e o professor Joaquim Romero Magalhães, comissário-geral da Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses.
A carta será exibida inicialmente em São Paulo, no prédio da Fundação Bienal, no parque Ibirapuera, durante a mostra comemorativa dos 500 anos de Descobrimento, a partir de maio de 2000.
A mostra é composta por nove blocos temáticos que percorrem a história da arte brasileira desde o período pré-cabralino (segmento arqueológico) até o século 20.
"Ela será exposta no limite entre os segmentos dedicados à arte pré-cabralina e às artes indígenas", adiantou Edemar Cid Ferreira à Folha, por telefone, de Lisboa.
A carta, porém, não vem sozinha ao país. Será acompanhada por obras de 11 artistas contemporâneos portugueses que foram convidados pelo governo português para realizarem trabalhos inspirados na carta.
Segundo Joaquim Romero Magalhães, não existem grandes exigências para a vinda da carta ao Brasil. "Pedimos condições de segurança, que fosse exibida em locais de qualidade, em mostras de prestígio e que fosse acompanhada pelas 11 telas que foram realizadas para acompanhá-la ao Brasil", disse o comissário-geral.
Depois de sua exibição em São Paulo, a carta segue para outras três cidades brasileiras: Rio (onde será exibida no Museu Histórico do Rio de Janeiro), Salvador (fica no Museu de Arte da Bahia) e Brasília. Segundo Cid Ferreira, a itinerância satisfaz um desejo do Ministro da Cultura, Francisco Weffort, que pediu que a carta percorresse também as ex-capitais brasileiras e a atual capital.
A mostra pelos 500 anos de Descobrimento acontecerá em São Paulo entre maio e outubro de 2000. Além do prédio da Fundação Bienal, ocupará outros dois edifícios: o prédio que abriga o Museu de Aeronáutica e o Museu de Folclore e o pavilhão Manoel da Nóbrega, todos no parque Ibirapuera.
A mostra ocupará uma área de 50.000 m2 e está dividida nos seguintes seguimentos: arqueologia, artes indígenas, arte afro-brasileira, arte dos séculos 17 e 18, arte popular, arte do século 19, imagens do inconsciente (arte naif), arte produzida por artistas-viajantes estrangeiros ("Olhar Distante") e arte do século 20, sempre curados por um ou dois especialistas nos temas. O livreiro e colecionador Pedro Corrêa do Lago e Leslie Bethell, do Centro de Estudos Brasileiros da Universidade de Oxford, por exemplo, são os curadores do segmento "Olhar Distante". A curadoria geral do evento é de Nelson Aguilar.
Depois de São Paulo, versões reduzidas da mostra percorrerão cidades brasileiras e estrangeiras. Em Lisboa, os módulos dedicados à arqueologia e à arte do século 20 ocuparão os dois prédios da Fundação Calouste Gulbenkian. Segundo Cid Ferreira, será a primeira vez que a fundação retira todo seu acervo para receber uma mostra. Ficará em cartaz de outubro de 2000 a janeiro de 2001. Também em 2001, a cidade do Porto receberá o segmento dedicado à arte afro-brasileira.
A Folha distribuiu para seus leitores nos dias 1º de maio (Grande São Paulo e Distrito Federal) e 4 de maio (para o restante do país) uma versão adaptada da carta.


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