São Paulo, Sábado, 03 de Julho de 1999
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O escritor, que tinha 78 anos, será enterrado na segunda-feira
Morre Mario Puzo, o criador de "O Poderoso Chefão"

da Reportagem local

O escritor norte-americano Mario Puzo, criador de "O Poderoso Chefão", morreu ontem de insuficiência cardíaca em sua casa em Long Island (EUA) e será enterrado na segunda-feira. Tinha 78 anos.
Puzo havia acabado de escrever seu último romance, "Omertá", com publicação prevista para julho do próximo ano.
As negociações para o que poderá ser o quarto episódio de "O Poderoso Chefão", com Leonardo DiCaprio e Andy Garcia como protagonistas e direção de Francis Ford Coppola, ainda estão indefinidas.
Nascido em Nova York, em 1920, em uma família de imigrantes italianos que foi abandonada pelo pai quando o futuro escritor tinha 12 anos, Mario Puzo e seus seis irmãos foram criados pela mãe em uma favela de Manhattan conhecida como "Cozinha do Inferno" ("Hell"s Kitchen").
Puzo começou sua carreira escrevendo para revistas, após servir no exército norte-americano na Segunda Guerra Mundial. Em 55, publicou seu primeiro romance, "The Dark Arena".
Embora com sucesso de crítica e considerado por ele como sua melhor obra, o livro seguinte, "The Fortunate Pilgrim" (publicado no Brasil como "O Imigrante Feliz"), também não alcançaria o grande público.
Foi em 65, pobre e com cinco filhos para criar, que Puzo resolveu escrever um livro que lhe rendesse algum dinheiro - o que logrou rapidamente com a saga da família de mafiosos de sobrenome Corleone.
"O Poderoso Chefão" chegou às listas dos mais vendidos pouco depois de lançado e consolidou sua carreira. Puzo tinha 45 anos e desde então sua conta bancária não parou de crescer.
O livro vendeu mais de 21 milhões de exemplares em todo o mundo antes de chegar ao cinema pelas mãos de Francis Ford Coppola. Marlon Brando, Al Pacino e Robert de Niro deram vida aos personagens na tela.
Os três filmes da série, todos dirigidos por Coppola, renderam várias indicações ao Oscar e nove premiações - inclusive as de melhor filme em 72 e em 74 para o primeiro e o segundo episódios. O terceiro viria em 1990.
As adaptações foram feitas a duas mãos, por Coppola e pelo próprio Puzo, que também colaborou nos roteiros de outros filmes de sucesso, como os dois "Superman", "Terremoto", "O Siciliano" (também a partir de livro seu) e "Cotton Club".
Sempre, segundo ele, por dinheiro. "Tive bons momentos em Hollywood. Ganhei um monte de dinheiro lá", disse há três anos. Puzo passou 20 anos sem falar com a imprensa e só se decidiu a dar entrevistas quando descobriu que "o marketing se tornou mais e mais importante na hora de vender livros".
"Omertá", o livro que deixa inédito, também trata de uma família mafiosa -o título faz referência à palavra italiana utilizada pela máfia para denominar seu código de silêncio.
O escritor deixa cinco filhos, nove netos e a viúva, Carol Gino, sua companheira por 20 anos. Sua primeira mulher, Erika, morreu em 78.


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