VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

A emissora, o auditório e a casa da ouvinte. Os três planos do universo de uma radionovela -o romance de uma mulher com o condutor de um bonde- são sobrepostos no enredo de "A Noiva do Condutor" (1935), opereta escrita por Noel Rosa (1910-1937) que ganha montagem de três récitas no teatro São Pedro, em São Paulo, de hoje a domingo.
Nos anos 80, a opereta foi montada pela primeira vez com elenco estrelado por Marília Pêra e Grande Othelo (o disco saiu em 1986 e foi relançado, em CD, em 1991).
Agora, a idéia do novo espetáculo partiu dos atores e solistas André Pinheiro (no papel de Joaquim, o condutor) e Carlos Falat (locutor), que assinam a adaptação. Eles levaram o projeto à Secretaria de Estado da Cultura, que bancou a produção via teatro São Pedro (cerca de R$ 60 mil).
Na radionovela narrada pelo locutor, Helena, a noiva (Denise de Freitas), se deixa envolver pelos galanteios de Joaquim. Simultaneamente, a ação é interpretada no auditório e acompanhada por uma radioouvinte (Eloisa Leão), que torce por um final feliz.
Às dez canções de Noel, feitas sob encomenda da Rádio Clube do Brasil, a pedido de Arnold Gluckmann, o Almirante, somam-se sucessos como "Com que Roupa" e "Coisas Nossas".
O acompanhamento é da Orquestra Feminina de Câmara do São Pedro, formada por 11 mulheres (incluídas As Choronas).
"Noel passeia pelos gêneros da época, como o choro, o samba, a valsa, a marchinha e até o foxtrote, ritmo influenciado pela cultura dos EUA", afirma a diretora musical Monica Giardini, 39.
"A concepção é fiel aos anos 30, simples, alegre e brejeira", diz a diretora cênica Elvira Gentil, 70.