UOL


São Paulo, domingo, 03 de agosto de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FILMES DE HOJE

TV PAGA

"O Primeiro Dia" anuncia era que não chegou

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

O sucesso pode ser o maior inimigo do artista. Eric Rohmer disse uma vez que, quando um de seus filmes faz sucesso, logo faz outro sem nenhuma chance comercial, pois nunca quis tornar-se prisioneiro de seus êxitos.
Walter Salles fez muito sucesso com "Central do Brasil", e isso quase o obrigou a tentar fazer outro "Central do Brasil". Não é razoável pedir isso, e é normal que seus filmes seguintes não tenham tido a mesma repercussão.
Agora esperamos seu trabalho sobre Che Guevara. Talvez seja um recomeço. Assim é também em "O Primeiro Dia". Estamos no Rio, na virada do ano de 1999 para o de 2000. Não muda o século, não muda o milênio (história de o milênio começar no ano 1), mas não há passagem simbólica mais forte do que essa -é quando se espera que tudo mude.
Aqui há dois personagens básicos: uma mulher de classe média, abandonada pelo marido (ou namorado), e um triste marginal. Suas histórias correm paralelas: classes diferentes, mundos diferentes. Algo fará com que se encontrem, no topo de um prédio, à meia-noite. A rica e o pobre. A cultivada e o bronco. A bela e a fera, enfim. Pois com frequência Salles parece querer enunciar uma fábula. Aqui a moral sugere uma trégua de classes, ou pacto social, como se diz.
Veio o ano 2000 e desmoralizou Nostradamus. Veio o século 21. Excluídos e incluídos acham-se igualmente distantes. Capital e trabalho não se deram as mãos como no "Metrópolis" de Fritz Lang. Aliás, o capital se esvai, e o trabalho desaparece.
Estamos em 2003, e o primeiro dia da nova era, da regeneração prometida em "Central", ainda não chegou. Estamos esperando esse dia, assim como que Salles reencontre o sucesso (ou que chute o pau da barraca e desencane disso).


O PRIMEIRO DIA. Quando: Canal Brasil (1h30).

TV ABERTA

"Nenhum a Menos" opta por vago humanismo

Babe - O Porquinho Atrapalhado
Globo, 13h10.
(Babe). Austrália, 95, 94 min. Direção: Chris Noonan. Com James Cromwell, Magda Szubanski. Fábula sobre um porquinho, animal rejeitado, em que um dono vê um perfeito cão pastor. A rigor, um filme sobre a aceitação da diferença feito em tom de história infantil, mas que pode ser apreciado por adultos.

A Vingança do Tornado
Record, 18h30.
(Storm Chasers). EUA, 98, 96 min. Direção: Mark Sobel. Com Kelly McGillis, Wolf Larson. McGillis é a meteorologista que, após a morte do marido, desenvolve, sustenta e vive para demonstrar a teoria segundo a qual tornados são eventos previsíveis.

Um sem Juízo, Outro sem Razão Bandeirantes, 20h30.
(Another You). EUA, 91, 94 min. Direção: Maurice Phillips. Com Gene Wilder, Richard Pryor. Pryor, o sem-razão, sai da cadeia com a missão de tomar conta de Gene, o sem-razão. Os dois se envolvem em encrencas.

Mar em Fúria
SBT, 22h.
(The Perfect Storm). EUA, 2000, 129 min. Direção: Wolfgang Petersen. Com George Clooney, Mark Wahlberg. Para fugir da maré de azar, capitão Clooney ordena que seu pesqueiro vá pescar em águas distantes. Águas turvas, onde uma tormenta daquelas o espera, assim como os perigos mortais que animam essa aventura de um Petersen cada vez mais propenso a entregar ao espectador um peixe agradável, mas não necessariamente substancial.

Código para o Inferno
Globo, 23h.
(Mercury Rising). EUA, 98, 115 min. Direção: Harold Becker. Com Bruce Willis, Alec Baldwin. Menino autista invade inadvertidamente os computadores do governo americano. Baldwin é o burocrata que, por burocrático, entende que a melhor solução para o caso é matá-lo. Bruce, agente rebelde e simpático, toma as dores do garoto.

O Jovem Frankenstein
Bandeirantes, 0h30.
(Young Frankenstein). EUA, 74, 105 min. Direção: Mel Brooks. Com Gene Wilder, Pewter Boyle, Martin Feldman. O jovem dr. Frankenstein volta ao castelo de seus ancestrais e reinicia as experiências visando criar um homem a partir do próprio homem. Paródia dos velhos filmes de horror. Legendado. P&B.

Nenhum a Menos
Globo, 1h13.
(Not One Less). China, 99, 106 min. Direção: Zhang Yimou. Com Wei Minzhi, Zhang Huike. Mocinha que se ocupa provisoriamente de um grupo de crianças de uma escola faz o possível e o impossível para que nenhuma abandone os estudos. Yimou troca o feminismo por um vago humanismo, um tanto heróico, quase lacrimoso, isto é: com tudo para emplacar nos circuitos de arte. Inédito.

Vitrine da Morte
Globo, 3h05.
(Flinch). EUA, 94, 88 min. Direção: George Erschbamer. Com Judd Nelson, Nick Mancuso. Manequins vivos da vitrine de uma loja presenciam assassinato e são perseguidos por maníaco. (IA)


Texto Anterior: Astrologia / Barbara Abramo
Próximo Texto: José Simão: Pan urgente! Queremos ouro! Chega de levar ferro!
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.