São Paulo, quarta-feira, 03 de agosto de 2005

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MÚSICA

Coletivo também traz parceria com DJ Dolores em CD que será encartado no nº 11 de "Outracoisa", revista de Lobão

Instituto lança remix inédito de Sabotage

ALEXANDRE MATIAS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Como diria o velho cancioneiro folk de Londrina: "Hora de virar a página". O coletivo paulistano de produção Instituto leva essas palavras ao pé da letra e fecha o primeiro capítulo de sua carreira no formato revista.
Convocado por Lobão para ser o primeiro representante da nova cena de São Paulo a ter seu disco encartado na 11ª edição de sua revista "Outracoisa", o núcleo dos produtores Daniel Ganjaman, Tejo Damasceno e Rica Amabis e do designer Rodrigo Silveira aproveita a deixa para rever seus passos desde seu primeiro CD, a compilação "Coleção Nacional", de 2002, e apontar para o futuro.
"Eles propuseram que a gente fizesse um disco de inéditas. Ele queria alguém de São Paulo para chegar aqui, mas alguém que batesse com as idéias dele", explica o gaúcho Tejo. "Só que a gente perguntou se não podia fazer diferente, reunindo coisas do selo Instituto", completa Rica. "Tem muita coisa boa que a gente lançou que ninguém conhece."
Reunindo faixas dos discos lançados pelo selo (de bandas como o paulistano Mamelo Sound System, o cearense Cidadão Instigado e o pernambucano Bonsucesso Samba Clube), o disco, batizado de "Selo Instituto na Coleta Seletiva", ainda traz faixas inéditas, como um remix com o rapper Sabotage, a parceria do coletivo com o DJ Dolores e duas músicas ao vivo -entre elas, "Poesia de Concreto", com o rapper Kamau.
Com a coletânea, o grupo abre uma nova frente de lançamentos para a revista "Outracoisa" -apresentar selos e não só artistas independentes.
Nos três anos de Instituto, fora outros tantos de convivência antes de formar o coletivo, em 2002, os quatro bateram muita cabeça antes de chegar a um formato que consideram ideal. "Nós passamos a confiar no trabalho dos outros. Cada um fica com uma função", explica Tejo.
Encerrada esta primeira fase, o grupo prepara novos vôos. Na agulha, quatro discos estão nos "finalmentes" para saírem neste ano. São eles: o disco de remixes do Mamelo (batizado "Remixália ou Projeto Parcel", com "retrabalhos" feitos por nomes como Hurtmold, Speed, Munhoz, DJ Periphérico, Parteum e Lúcio Maia, da Nação Zumbi); a trilha sonora do filme "Narradores de Javé", ao lado do DJ Dolores; "O Método Tufo de Experiências", do cabecismo AM do Cidadão Instigado (em parceria com o selo Slag); e o segundo disco do grupo de rap Z'África Brasil.
Estes dois últimos são os filés do pacote, cada um à sua maneira: o Cidadão juntando Los Hermanos e o "Prato de Flores" no mesmo radinho de empregada; e o Z'África correndo da disco ao gangsta, do ragga ao groove manso.
Também há os projetos particulares dos produtores Tejo e Rica. O primeiro juntou-se ao rapper BNegão e ao produtor Alexandre Basa (Mamelo, Black Alien) para compor o Turbo Trio, que começou como uma tentativa de fazer funk carioca e caiu para um lado eletrônico-pesadelo-teclados tecnopop, sobrepostos por cima de batidas frenéticas e com o vocal quase mórbido de Bernardo.
Já Rica, dividindo apartamento com Dengue e Pupilo, baixista e baterista da Nação Zumbi, veio com o também eletrônico Três na Massa, que aponta para o outro lado ao convidar compositores (Jorge Du Peixe, Junio Barreto, China, Felipe S., do Mombojó, Rodrigo Amarante, do Los Hermanos) para escrever letras na primeira pessoa para vocalistas mulheres (Céu, Lurdez, Cynthia Zamorano, Geanine Marques) cantarem. Os dois trabalhos não têm previsão de lançamento, embora ambos desejem lançá-los ainda neste ano.
O Turbo Trio pode ser ouvido ainda neste ano na coletânea "Hip Hop Smoking", da gravadora ST2. Paralelamente, o coletivo ainda pensa em seu próximo disco como Instituto, que depende do resultado das faixas com artistas estrangeiros, como os rappers Hieroglyphics e o baterista Tony Allen, inventor do afro-funk. O grupo ainda cita seus projetos Jazzenteria -parceria entre Tejo e Rodrigo fazendo jazz no computador- e a trilha incidental para o curta "Bilu e João", de Kátia Lund, parte do projeto "All the Invisible Children", que inclui realizações de Spike Lee, Emir Kusturica e Ridley Scott, entre outros.


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