São Paulo, quinta-feira, 03 de agosto de 2006

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Naturezas-mortas de Morandi ganham mostra

Estação Pinacoteca exibe apenas oito trabalhos do importante pintor italiano

Exposição, que fica em cartaz até setembro, tem outras 24 obras de artistas como De Chirico, Carrà, Semeghini e Severini


DA REPORTAGEM LOCAL

Nos últimos seis anos, a arte italiana tem ganhado destaque nas mostras da Pinacoteca do Estado. Depois de Giacomo Balla, em 2000, Carlo Carrà e De Chirico, entre outros, na exposição "Novecento Sudamericano", e Mario Merz, em 2003, agora é a vez de Giorgio Morandi, um dos mais respeitados pintores do século 20, ser apresentado na Estação Pinacoteca.
Trata-se de uma exposição camerística, a se notar pelo número de obras do artista que dá título à mostra, "Giorgio Morandi e a Natureza-Morta na Itália": são apenas oito assinadas por ele, além dos 24 trabalhos de outros 15 artistas, como Gino Severini e Pio Semeghini.
Morandi (1890-1964) é artista com grande presença nos anos 50 no Brasil. Participou da primeira Bienal de São Paulo, em 1951, com 19 obras; depois, com 25 trabalhos na 2ª Bienal, em 1953, e 30 na quarta, em 1957, quando ganhou o Grande Prêmio. Dessa última leva, a mostra na Pinacoteca apresenta a tela "Vaso de Flores".
O que une Morandi à natureza-morta? "Para este artista a natureza-morta é uma maneira de ser, é um filtro através do qual a realidade é lida, interpretada e sublimada", diz o curador Renato Miracco, no catálogo da exposição.
Após as vanguardas artísticas no início do século, como o futurismo, a pintura italiana ganhou traços conservadores, marcada pelo figurativismo, o que ocorreu em grande parte pela adesão de vários artistas ao fascismo, entre eles Morandi.
Sua obra, no entanto, graças à sensação de calma meditação que envolve seus quadros, é comparada à de Cézanne.
Entre os temas usados pelo artista, o que de fato o torna reconhecido é a representação de garrafas, recipientes, vasos e jarras. Morandi os comprava de segunda mão para depois retratá-los em telas. Na exposição, cinco obras pertencem a esse universo do artista. O pintor brasileiro Paulo Pasta, que realiza um claro diálogo com a obra do italiano, irá expor seus trabalhos no mesmo andar da mostra de Morandi, em duas semanas.
Entre os demais artistas presentes na mostra, um dos destaques fica com Giorgio de Chirico (1888-1978), para quem "os motivos das naturezas-mortas são os signos passionais de um alfabeto metafísico, signos de um código moral e estético das representações com as quais construímos na pintura uma nova psicologia metafísica das coisas". (FABIO CYPRIANO)

GIORGIO MORANDI E A NATUREZA-MORTA NA ITÁLIA
Quando:
abertura hoje (para convidados), das 19h30 às 22h; ter. a dom., das 10h às 18h; até 3/9
Onde: Estação Pinacoteca (lgo. General Osório, 66, centro, SP, tel. 0/xx/ 11/3337-0185)
Quanto: R$ 4; grátis aos sábados


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