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Crítica
Sganzerla traça painel desolado do Rio anos 70
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
São estranhas, as imagens de
"Copacabana Mon Amour"
(Canal Brasil, 22h40). Mas
quem tiver paciência para atravessar os primeiros inesperados minutos talvez consiga
perceber ali algo mais do que
um filme "sem qualidade".
A prostituta de Helena Ignez, sua cliente canista Lillian
Lemmertz, o picareta Guará, o
patrão Paulo Villaça e o empregado masoquista e apaixonado
por ele, o pai-de-santo: são todas figuras de um Rio de Janeiro em decomposição, imagens
de um país em decomposição,
vistas pelo olhar pessimista de
Rogério Sganzerla na década
de 1970. A coisa piorou de lá
para cá.
Mais amenas serão certamente as imagens de "Lição
de Cinema - Kieslowski" (Telecine Cult, 23h55), documentário de Dominique Rabourdin
sobre a trilogia das cores da
bandeira francesa feita pelo
polonês Kieslowski.
Temos então, no cardápio de
hoje, um filme do desespero e
um instrutivo para ver. Pólos
opostos? Talvez não. Dá para
tentar o zapping.
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